
É difícil não se “derreter” ao ver seis, sete... dez bebês reunidos numa sala só. A melhor parte, no entanto, é ver como eles ficam calminhos depois de algum tempo enrolados no sling (pano de carregar). Com o embalo da música e no aconchego da mãe, então, alguns até dormem.
A cena pode ser vista nas aulas da Dança Materna, com a professora Ludmila Yarasu-kai, de 36 anos, que ensina mães a dançar junto aos filhos nos bairros Savassi e Pampulha. “As aulas são super ricas, e uma oportunidade de elas saírem de casa e terem um tempo de qualidade”, destaca Ludmila, que se interessou em participar do projeto devido à gestação da filha.
De acordo com a idealizadora do projeto Dança Materna, a bailarina Tatiana Tardioli, a ação surgiu em 2008, em São Paulo, durante a experiência de sua primeira gestação. “De alguma forma, percebi que a dança fortalecia o vínculo entre mãe e bebê. Daí, veio a ideia do projeto, que é pioneiro no país”, diz ela, que é especialista em crianças de zero a três anos.
Bem estar
Durante as aulas, ritmos de todos os tipos. O objetivo, porém, não é formar especialistas em dança. O propósito maior é contribuir tanto para a saúde e o equilíbrio espiritual, emocional e físico da mãe quanto do bebê.
“Infelizmente, o número de gestantes que se exercitam ainda é pequeno e a dança é uma atividade. Além disso, previne a pressão alta e evita que a mulher ganhe peso de maneira exagerada na gravidez. Também buscamos voltar o olhar para o pós-parto, levando informações sobre amamentação e cuidados com o bebê e encaminhamos para profissionais da saúde”.
Hoje, o projeto contempla cerca de 30 cidades do Brasil. O resultado, contudo, só veio há dois, quando Tatiana passou a formar professoras no método desenvolvido por ela.
Atualmente, há três modalidades: dança para gestantes; dança com bebês andantes de até três anos de idade; e dança de mães com bebês de colo e engatinhantes.
Por enquanto, Belo Horizonte conta só com a última modalidade. Em março, o plano é implantar aulas para gestantes. E, desde janeiro, o projeto contempla a cidade de Betim e, desde junho de 2015, o município de Contagem, ambos na Grande BH.
Alunas apontam benefícios
Trabalhando desde junho do ano passado, Carolina Ricci, de 22 anos, também é professora da Dança Materna, no Espaço Luna Guapa, no Alto Caiçara. Ela, que ainda não tem filhos, diz ter se apaixonado pelo projeto à primeira vista. “Foi uma situação curiosa e inusitada em minha vida. Sou formada em Gestão de Serviços de Saúde e sempre me voltei para o cuidado com o idoso até que, um belo dia, conheci o trabalho da Tatiana”.
Segundo Carolina, o retorno tem sido tão bom que, agora, o seu desejo é expandir o projeto para os bairros Floresta e Sagrada Família. “As mães sempre dizem que as aulas são muito bacanas. É um trabalho gratificante porque elas chegam com uma expectativa e acabam se surpreendendo”.
Feedback
Aluna da Dança Materna, a designer Caroline Perillo, de 27 anos, garante que as aulas trouxeram muitos benefícios. Desde que a filha Catarina tinha cinco meses, ela participa do projeto. Hoje, a pequena já tem um ano e adora dançar com a mãe.
“Logo que entrei, comecei a ver que a dança melhorava o sono da Catarina. E, até hoje, quando ela fica mais irritada, dançamos juntas em casa. Isso funciona muito. Sempre me importei também em colocá-la em atividades que estimulem a criatividade dela e, lá, tem esse ‘despertar’”.
Mãe de Ana Luz, de três meses, a recepcionista Natália Souza, de 28 anos, se matriculou nas aulas há apenas duas semanas. Mesmo assim, diz que a troca de informações com as outras mães transformou a sua vida.
“Por ser mãe de primeira viagem, não sabia direito como lidar com as questões da maternidade. Depois da dança, conheci outras experiências e comecei a ficar mais segura; aprendi a confiar em mim. Agora, saio sozinha com a Ana e, quando ela chora, não fico naquele nervosismo todo, achando só acontece comigo”.
Ludmila, que segura o bebê de uma aluna, é psicóloga e tem formação em Danças Circulares.
Foto: Antônio Nunes/Divulgação
Vídeos da Dança Materna: