Projeto musical recupera história centenária de grupo criado por Pixinguinha

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
15/01/2020 às 08:39.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:17
 (Paula dias/Divulgação)

(Paula dias/Divulgação)

O maestro Antonio Seixas assinala que, antes da década de 1920, o choro não era um gênero musical, mas sim uma forma de tocar que estava presente em estilos como o maxixe, a toada e o lundu. A mudança aconteceu depois que o grupo Os Oito Batutas – formado por nomes como Pixinguinha, Donga e João Pernambuco – permaneceu seis meses em Paris, apresentando-se na boate Schéhérazade. 

“Em Paris, que era a capital cultural do mundo na época, eles conheceram músicos de jazz norte-americanos, tomando contato com esta linguagem, com seus elementos e harmonias. Os Oito Batutas os incorporaram à música brasileira”, registra Seixas, idealizador do projeto comemorativo “Do Palais a Paris – 100 Anos dos Oito Batutas”, que será a partir de hoje no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).

Serão quatro apresentações, que acontecerão todas as quartas-feiras (até 5 de fevereiro), com artistas ligados ao choro reverenciando a música dos Oito Batutas, entre Fabiana Cozza e Dudu Nobre, que abrirá o projeto ao lado do grupo Época de Ouro, mestre-de-cerimônias do projeto. O programa tem estreia nacional em Belo Horizonte e seguirá para São Paulo e Rio de Janeiro, em abril e junho, respectivamente.

Também diretor musical do projeto, Seixas destaca que a banda foi a primeira a divulgar a música popular brasileira no exterior. Três anos após a sua formação, em 1919, quando os oito integrantes se reuniram para uma apresentação no Cine Palais, no Rio de Janeiro, o grupo já ganhava as noites parisienses a convite do bailarino Duque. “Eles saíram do lugar comum, revolucionando a estética musical. A passagem por Paris os influenciou e influenciou a música brasileira a partir de então”.

Foi na capital francesa, por exemplo, que Pixinguinha passou a tocar saxofone, que viria a se tornar o seu principal instrumento. O cavaquinho foi substituído pelo banjo e os Oito Batutas se transformaram numa espécie de jazz band. A formação original durou até 1931, com Pixinguinha e Donga saindo do grupo após uma briga. Oito anos antes, fizeram os únicos registros fonográficos, gravando dez discos com duas músicas cada, que servirão de base para as apresentações no CCBB.

“A intenção do projeto é executar algumas músicas que foram gravadas por eles, que hoje não são tão conhecidas e que ficaram adormecidas num canto”, adianta Seixas. Entre elas está “Sarambá”, um samba com letra em francês, escrita por Duque. O repertório também contará com artistas que influenciaram a música de Os Oito Batutas, como Chiquinha Gonzaga, e outros que foram influenciados por eles – Mestre Nazareth, por exemplo.

Além de Dudu Nobre e Fabiana Cozza, as apresentações contarão com Lucas Brito e Naylor Proveta, fundador da banda Mantiqueira. O carnavalesco e jornalista Haroldo Costa será responsável por introduzir cada show. “Ele está ligado umbilicalmente à história do samba, com uma vivên-cia muito importante, fazendo o passeio pela trajetória do grupo”, afirma Seixas.

SERVIÇO
“Do Palais a Paris – 100 anos dos Oito Batutas” – Com Época de Ouro e Dud Nobre. Hoje, às 20h, no teatro 1 do CCBB (Praça da Liberdade, 450). 
Ingressos: R$ 30 (R$ 15, meia). 

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