Projeto piloto "A Estrela" leva técnicas do audiovisual para presos em Itaúna

Elemara Duarte - Hoje em Dia
06/11/2014 às 08:34.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:55
 (Nitro imagen)

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Dar voz para homens que estão atrás das grades é o desafio da jornalista Natália Martino e do fotógrafo Leo Drumond, os nomes à frente do projeto “A Estrela”, cuja proposta é capacitar presos através do repasse de noções de jornalismo, fotografia e vídeo. As oficinas foram concluídas na última terça-feira, na Associação de Proteção ao Condenado (Apac), em Itaúna, região Centro-Oeste de Minas Gerais.    E o resultado já começa a ser colhido: textos, entrevistas, videoclipes e sensíveis ensaios fotográficos sobre o mundo de dentro das celas. O material vai virar uma revista de 32 páginas, tiragem de mil exemplares, e distribuição para órgãos que têm relação com estas instituições.    A versão virtual da revista também será publicada no site www.projetovoz.com, juntamente com o material visual produzido pelos “recuperandos”. A previsão é que site e resultados do projeto sejam lançados no próximo dia 13, na própria Apac. Eles foram produzidos por 19 internos, entre 19 e 40 anos, e será editado pela dupla (Natália e Leo), juntamente ao designer Gabriel Reis.   Para o conteúdo das publicações, os internos não deixaram escapar nada do “olhar jornalístico” iniciante: tem entrevista emocionante com um juiz do Espírito Santo, em visita à instituição; tem drama de vida de um desenhista que, antes da detenção, chegou a ganhar uma bolsa de estudos no Canadá... Afinal: “A vida não é o problema, é batalha, desafio/Cada obstáculo é uma lição, eu anuncio”, ensina a letra do rap dos Racionais MC’s, que dá título a esta matéria.   E nos ensaios fotográficos, mais sensibilidade. “Tem ensaio sobre tatuagens, outro sobre os rádios de pilha estilizados dos presos e outro sobre o dicionário de gírias na prisão”, cita Natália. Por exemplo: relógio é “bobo”, pois trabalha de graça; chinelo é “táxi”, afinal leva a qualquer lugar; e carta é “chorona”, pura ausência.   “Aqui entra o homem, o delito fica lá fora”, diz mensagem em uma das entradas da Apac mineira, que é a mais antiga em funcionamento no Brasil. O recado ficou na mente da jornalista Natália Martino. “Aqui, não se fala dos crimes que cada um cometeu lá fora”, observa. E isso por quê? “Nas Apac, eles todos são iguais e se ajudam”, explica a presidente da Apac de Itaúna, Lídia Morais de Souza Vilela.

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