Projeto repassa 170 anos de história do país com imagens de acervos públicos e privados

Clarissa Carvalhaes - Hoje em Dia
25/02/2014 às 07:39.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:15
 (Boris Kossoy)

(Boris Kossoy)

Nos próximos dois meses, Belo Horizonte será “a casa” de uma das mais completas exposições sobre as muitas faces da história do Brasil. A mostra conta com mais de 400 imagens – escolhidas, uma a uma, ao longo de quatro anos de pesquisa –, que perpassam 170 anos de história do país (1883–2003). A curadoria é assinada pelo especialista em história da fotografia Boris Kossoy, com curadoria adjunta da antropóloga e historiadora Lilia Moritz Schwarcz. “Não é uma exposição de história da fotografia ou de história da técnica fotográfica. É claro que, pela abrangência da proposta, é possível ter uma história da fotografia do Brasil através dos diferentes períodos, mas a exposição é, sobretudo, um recorte, uma visão sobre o Brasil”, explica.

Batizada “Um Olhar Sobre o Brasil. A Fotografia na construção da Imagem da Nação”, a mostra entra em cartaz nesta terça-feira (25) no Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB, no Circuito Cultural Praça da Liberdade. Segundo o curador, as imagens foram organizadas a partir de quatro eixos temáticos: política, sociedade, cultura/artes e cenários.

“Foi uma pesquisa complicada. Cada período se desenvolve em um espaço distinto e tem uma sinalização que leva o visitante a se situar, a saber em que período está. Por isso, o ideal é percorrer a exposição a partir dessa ordem predeterminada: não vá ler o livro de trás para frente”, aconselha.

Na mostra, cada foto é acompanhada por sua micro-história (em português e inglês), com informações que vão além da tradicional legenda. Esse diferencial é consequência da ampla pesquisa realizada, tanto referencial quanto iconográfica. “O que é fascinante é poder fazer o percurso pela exposição do ponto de vista didático, mas não é possível ver toda a mostra em uma única vez. Do contrário, o passeio torna-se infrutífero”.

A história contada por imagens

Há cinco anos, Boris Kossoy foi convidado pela Fundación Mapfre, de Madri, para ser o curador de “Um Olhar Sobre o Brasil. A fotografia na Construção da Imagem da Nação”. O convite era apenas uma parte, um braço de um grande projeto: contar a história ibero-americana através da imagem.

Além de Boris, no Brasil, outros especialistas, em sete países (Argentina, Chile, Colômbia, Peru, México, além de Espanha e Portugal) foram convidados a desenvolver, simultaneamente, uma exposição em sua respectiva nação.
Além da mostra, “Um Olhar Sobre o Brasil...” também vai batizar um livro, só que dessa vez a organização e curadoria serão da antropóloga e historiadora Lilia Moritz Schwarcz.

No Brasil, a mostra foi lançada no fim de 2012 em São Paulo, depois percorreu os Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro e Brasília. Belo Horizonte será a última cidade a receber a exposição que se encerra em 28 de abril.

A limitação de cidades, justifica o curador, se dá muito em função do espaço. “O CCBB é um dos poucos espaços no país capazes de comportar uma exposição como essa. A montagem é um jogo de xadrez e não é qualquer lugar que consegue abrigar tudo isso”.

Não-linearidade

“Em uma mostra como essa é preciso pensar a história no espaço, na arquitetura. Ela não é linear como em um livro. E embora a ‘expografia’ se locomova na tridimensionalidade, não dá para escapar da cronologia que percorre um período tão abrangente”, explica Kossoy.

Entre autores de imagens históricas que marcam presença na mostra, alguns mineiros não puderam ficar de fora – entre eles, Orlando Brito, Sebastião Salgado, Eustáquio Neves.

“A mostra começa em 1833, tem uma parte forte política, fala da bossa nova, da censura, e culmina com as eleições democráticas – mas, ao percorremos todo o trajeto proposto, percebemos que as mazelas continuam. Esse recado, a exposição dá: não há um ‘grand finale’. As luzes se reacendem do ponto de vista democrático, mas a sociedade não teve um ganho substancial”.

Kossoy destaca que cada uma das fases tem algo de importante para a compreensão do Brasil. “São camadas de vivência, de historia e fatos que determinaram aquilo que nós somos hoje. É impossível imaginar o país sem elas”.

Outras três mostras serão abertas nesta terça

...“Reformador do mundo” é o tema da exposição sobre a vida e a obra de Janusz Korczak, médico e pedagogo tido como herói pelos povos polonês e judeu. Com duração de um mês, o evento é uma realização da Embaixada da República da Polônia em Brasília, o Consulado Honorário da Polônia em BH, o Instituto Histórico Israelita Mineiro e a PUC Minas, que cedeu o espaço da biblioteca Pe. Alberto Antoniazzi, no Campus Coração Eucarístico.

...Na Aliança Francesa (rua Tomé de Souza, 1.418), entra em cartaz “50 gramas de copo”, dos mineiros Manuel Carvalho e Warley Desali. São 12 pinturas (cinco de Manuel e 7 de Desali). Apesar de os dois terem um estilo bem característico e personalidades artísticas bastante diferentes, ambos dedicam lugar importante às cores, texturas e massas pictóricas. Até 12 de abril, de segunda a quinta, das 08h às 21h. Sexta e sábado, das 8 às 16h.

...No Café com Letras Savassi (rua Antônio de Albuquerque, 781), Sabrina Abreu lança a versão digital de seu livro “Meu Israel”, e abre a exposição homônima de fotos, um olhar sobre a sociedade do país, a partir de registros feitos entre 2007 e 2011. O trabalho mostra como pessoas de diferentes grupos étnicos e religiosos imprimem suas marcas na arquitetura e no cotidiano.
 

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