Projetos desenvolvidos na hora do almoço atraem cada vez mais público

Thais Oliveira - Hoje em Dia
04/05/2015 às 07:57.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:53
 (Marcelo Prates)

(Marcelo Prates)

“Este é o mesmo concerto que a orquestra apresenta à noite?”, pergunta, com ar desconfiado, o engenheiro Uberaldo Teixeira, de 61 anos. A dúvida é pertinente, afinal, não era recorrente ver as portas do Grande Teatro do Palácio das Artes abertas em plena luz do dia...

“Que coisa boa. Sempre gostei de música clássica”, diz ele – que estava na companhia da esposa, a professora Helena Schirley, de 55 anos –, após receber a confirmação de que a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais iria, sim, tocar ali, naquele horário.

Com o slogan “Um Cardápio Musical Para Você”, o “Sinfônica ao Meio-dia” é uma das opções para quem quer aproveitar a hora do almoço para fazer um programa diferente. Além do horário alternativo, em comum, os projetos têm a entrada franca.

A diretora de produção artística Cláudia Malta explica que o programa do Palácio foi criado no fim de março e tem ocorrido às terças. Como o próprio nome indica, começa às 12h, com uma hora de duração. A partir deste mês, será a vez da “Série Lírico ao Meio-dia” ser inaugurada, com data ainda a ser definida.

Informação

Segundo Cláudia, trata-se de um projeto com caráter mais informativo, já que o maestro faz breves explicações sobre as obras contempladas. “Logo no primeiro espetáculo, recebemos 584 pessoas e, no segundo, mais de 800. Acredito que tivemos essa grande aceitação por ser uma alternativa para quebrar a rotina de quem mora ou trabalha aqui perto e para as pessoas que têm dificuldade de fazer um programa noturno”, destaca.

É o caso do casal José Mendes da Silva, 83 anos, e Maria Manoela da Silva, 75. “Por uma questão de segurança, fica mais fácil para a gente vir neste horário”, afirma José, que se diz fã do estilo musical e já até foi aluno da Orquestra Sinfônica da Polícia Militar, quando era mais “moço”.

Já o estudante João Pedro, de 13 anos, aproveitou a parada para aprender um pouco mais sobre o gênero. “Toco violão e guitarra e gosto muito do som do violino, que é um dos instrumentos usados pela orquestra. Acho que hoje vai ser bem legal”, esperava o jovenzinho, que saiu da escola e foi direto assistir ao concerto junto com a tia, a aposentada Gilcea Pinto, de 70 anos.

Espetáculo de rua

Outra iniciativa que leva a música como ingrediente principal é o “Quarta Cultural”, realizado pelo Conservatório da UFMG. De acordo com a produtora Isadora Boucherville, o projeto ocorre sempre às quartas-feiras, com início às 12h30 e duração de uma hora, e traz, geralmente, músicas eruditas ou populares.

Conforme Isadora, durante o espetáculo de rua, músicos e público têm um contato mais direito e menos formal, o que proporciona a troca de ideias entre eles.

‘Curta Degustação’ entremeia sessões de filmes a palestras

O projeto “Curta Degustação” não poderia ter um nome mais sugestivo. Coordenado pelo cineasta Geraldo Veloso, o programa é realizado às terças-feiras, na Sala Multimeios da Imprensa Oficial (avenida Augusto de Lima, 270), e exibe, entre às 13h e 13h30, curtas-metragens.

A programação é variada, podendo apresentar desde filmes de animação aos de ficção, previamente selecionados pelo curador Lourenço Veloso. Em geral, é feita também uma exposição sobre as obras escolhidas para aquele mês.

“O circuito de curtas-metragens é muito restrito em Minas Gerais, por isso, o ‘Curta Degustação’ é uma forma de divulgar mais esse trabalho. Além disso, é uma tentativa de oferecer às pessoas algo diferente, já que os filmes são comentados por organizadores de festivais de cinema e cineastas ao término do programa”, ressalta Geraldo Veloso.

Foi justamente a possibilidade de trocar ideias sobre os curtas-metragens que chamou a atenção da cineasta Tânia Anaya, 49 anos. “Achei interessante o fato de o filme ser comentado depois, pois é uma troca bacana com o público em geral e, principalmente, para aqueles que vieram aprender mais sobre cinema”, afirma ela, que trabalha perto da Imprensa Oficial, numa produtora de filmes animados.

Baixa adesão

Apesar de ter completado dois anos de funcionamento em abril, o “Curta Degustação” parece ser ainda pouco conhecido pela população.

Veloso diz que, em média, apenas 10 pessoas comparecem semanalmente para assistir à sessão. “Temos um blog e estamos nas redes sociais, mas acho que precisamos da ajuda de vocês (da imprensa) para chamar o público para vir aqui”, sugere ele, ao explicar a tímida adesão.

‘Câmara de casaca’ é outra opção gratuita para a comunidade cinéfila

Realizado bimestralmente, o projeto “Câmara de Casaca” é outra opção gratuita para os cinéfilos belo-horizontinos. Em março, por exemplo, o programa exibiu curtas-metragens, entre às 12h30 e 13h30, e longas-metragens, a partir das 19h, três dias no mês, no Centro de Referência da Moda (CRModa, localizado na rua da Bahia, 1.149, no Centro). Documentários premiados que dialogavam com datas importantes, como o Dia Internacional da Mulher.

“A gente percebeu que havia uma demanda na hora do almoço, pois as pessoas que passavam por aqui pediam a volta de uma programação fixa. Acho que isso aconteceu por esse ser um programa cultural de qualidade, que permite que as pessoas viajem por alguns minutos e, assim, melhorem a sua perspectiva para aquele dia”, afirma a produtora cultural do CRModa, Raquel Carneiro. Raquel lembra que, dentro da proposta de mostrar filmes dentro de uma mesma temática, a próxima sessão – a ser realizada nos dias 20, 21 e 22 deste mês –, será inserida na programação da 13ª Semana de Museus.

Cidade administrativa conta com ‘calendário sociocultural’

Há 4 anos, o projeto promove atividades – como yoga, ginástica laboral (foto acima), palestras motivacionais, Feira da Agricultura Urbana e Familiar e apresentações de bandas (Bombeiros ou da PM) – realizadas durante a semana, entre 11h e 13h. Há ainda iniciativas dos próprios servidores, como o Coral Cidade em Canto e aulas de samba e forró. Segundo Grasielle Esposito, intendente da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), responsável pela iniciativa, o projeto visa o bem-estar e a humanização do servidor. “O programa tem tido uma aceitação muito grande. Agora, estamos fazendo uma pesquisa para identificar melhor o que o servidor deseja, pois queremos ampliar esse projeto ainda mais”, afirma.
 

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