Publicação lança olhar poético para cartão postal de Belo Horizonte

Paulo Henrique Silva
16/12/2019 às 08:37.
Atualizado em 05/09/2021 às 23:03
 (Daniel Bianchini / Divulgação)

(Daniel Bianchini / Divulgação)

A Praça da Liberdade foi inaugurada como parte da sede do poder em Minas Gerais, mas a imagem deste cartão postal de Belo Horizonte no livro “Uma Praça Chamada Liberdade” vai além da política e do extrato econômico em que está localizado, na região centro-sul.

“Nós descobrimos que, apesar desta localização, a praça é muito democrática, abrigando tribos variadas e de diversos pontos da cidade”, destaca Carlos Ávila, que divide os créditos do livro, lançado na semana passada pela Tercetto, com a mulher Thais Guimarães.

A ideia foi inspirada em livro do francês Georges Perec, que dedicou obra à Praça Saint-Sulpice, em Paris, na década de 1970. “A proposta foi contar uma história, como Perec, sobre uma geografia urbana icônica, observando-a a partir das coisas ordinárias”, registra Thais.

Embora ambos os autores tenham origem na poesia, o resultado é um texto híbrido. “Não pode ser classificado por gênero, mas evidentemente o que sobressai é o olhar de dois poetas”, analisa Ávila, que, como Thais, passou sete dias observando a praça.

Não havia nenhuma regra explícita a não ser “olhar para questões que ninguém se dá conta”, como cores, temperaturas, roupas, sons e o movimento de carros e pessoas no entorno da praça. Com exceção de um dia em que tiveram que dividir o mesmo banco, cada um sentou em lugares diferentes.

“Casualmente, algumas observações batem, com olhares que coincidem”, sublinha Ávila. Thais afirma que, mesmo quando observam um mesmo ponto, “cada um detecta uma coisa diferente; quando um abaixa a cabeça para fazer anotações, ele está perdendo algo que o outro está vendo”. 

Para Thais, além da diversidade de temas, o livro abraça linguagens distintas. “O Carlos tem a linguagem dele e eu, a minha. No caso dele, é um fluxo de pensamento, sem muita pontuação, que nos permite visualizar uma praça que não para. Meu texto tem viés mais detalhista”.

Autor do prefácio, Jacques Fux ressalta que autores “apresentam olhar simultâneo e inefável para a tentativa desesperada de qualquer escritor por registrar, compreender, envolver e enumerar, mesmo que parcialmente, todos os elementos (...) de uma obra viva e em movimento”.

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