Quadro de Manet inspira debate sobre nu

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
29/01/2018 às 18:05.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:01
 (DIVULGAÇÃO)

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 Qual seria a repercussão, no presente, de um quadro como “O Almoço sobre a Relva”, do pintor francês Édouard Manet, que escandalizou a sociedade do século XIX ao mostrar uma garota nua ao lado de dois homens bem trajados, durante um piquenique?  Num momento em que se acirra o cerceamento à liberdade de expressão artística, a pintura se torna o ponto de partida para uma performance que acontecerá hoje no Teatro Francisco Nunes, dentro da programação do Verão Arte Contemporânea. O teatro será palco de um “tableau vivant”, atividade muito comum na Europa, em que artistas promovem a reprodução ao vivo de uma pintura conhecida. A representação servirá de inspiração para artistas fazerem sua leitura do quadro de Manet. “O caráter original desta performance está no fato de sair das escolas de Belas Artes e fazê-lo num teatro como o Francisco Nunes, com o envolvimento de vários artistas convidados”, registra Ione de Medeiros, do Oficcina Multimédia, idealizadora do projeto. Atentado ao pudorQuando exibida pela primeira vez, no Salão dos Independentes, em Paris, em 1863, “O Almoço Sobre a Relva” causou polêmica, recebido como um atentado ao pudor. No ano passado, obras expostas no Brasil, que mostravam órgãos genitais sofreram forte censura. “O nu continua meio deslocado na sociedade. Mas nossa intenção não é criar uma provocação e sim estabelecer um diálogo sobre essa volta de censura”, assinala Ione. A performance terá acesso limitado a 25o pessoas, por ordem de chegada. Serão cinco grupos de quatro atores cada, que se espalharão pelo teatro. “O público não ficará na plateia, podendo circular, vendo os modelos vivos ou acompanhando o trabalho do artista. Será uma mistura de galeria de arte com ateliê”, adianta. Técnica livreDe acordo com Ione, artistas como Randolpho Lamonier, Nilcéa Moraleida, Warley Desali, Bárbara Macedo da Travartista, Eduardo Shiiti o Shun e Michelle Sá da Bacurinhas, terão liberdade para escolher as técnicas que serão utilizadas na reprodução.  “Não podemos esperar uma obra acabada. Serão desenhos, rascunhos, um exercício mais simples, já que o tempo será curto – cerca de duas horas”, detalha Ione, que não pretende repetir a experiência. “Quem viu, viu. Do contrário, não será uma performance”. “Almoço Sobre a Relva” – Hoje, às 20h, no Teatro Francisco Nunes ( Av. Afonso Pena, s/nº, Centro). Ingressos: Entrada franca com retirada de convite uma hora antes. Um convite por pessoa. Faixa etária: 18 anos.

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