Quadro do 'CQC' investiga ofensas divulgadas na web

FOLHAPRESS
09/10/2015 às 10:40.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:59

SÃO PAULO - Ir atrás de quem age com preconceito e discriminação, com a intenção de deixar a pessoa com vergonha do próprio comportamento. Esse é o trabalho do repórter Lucas Salles e da trupe do "CQC" (Band) com o quadro "Haters" (termo em inglês que designa pessoas que disseminam o ódio por algo ou alguém), um dos mais polêmicos e comentados da atração.

No quadro, a emissora seleciona algumas mensagens em redes sociais com ofensas e preconceito. Então, a direção começa um trabalho de detetive que consegue localizar o "hater". Ela manda Salles averiguar os motivos pelos quais o internauta sente tanto ódio por esse alguém que, na maioria das vezes, ele nem conhece.
As mensagens têm, normalmente, ligação com algum caso que esteja repercutindo no noticiário. "Quando possível, tentamos colocar a vítima frente a frente com o "hater".

Um exemplo foi o caso de um transgênero que aceitou encontrar a mulher que havia escrito na internet que ele era uma aberração. Apresentamos os dois, que dialogaram e terminaram com um abraço e um pedido de desculpas", diz o diretor Diego Pignataro.

Até mesmo o Corinthians pediu a ajuda do programa. Na ocasião, um internauta havia xingado de macacos alguns jogadores negros da equipe, amparado pelo anonimato. "Ficamos muito felizes em relação à confiança e à oportunidade de irmos atrás de um racista, nesse caso. O 'CQC' vai mudar as pessoas. E elas vão mudar o planeta", destaca Salles.

Mas nem sempre as abordagens do repórter são recebidas em um clima amistoso. No mês passado, ele levou um soco e uma cabeçada, em frente às câmeras, devido à revolta de um entrevistado, que havia se manifestado nas redes sociais a favor de uma chacina em Osasco (Grande SP).

"Por mais incrível que pareça, não conseguia sentir nada naquela hora. Nós não o obrigamos a dar entrevista. Ele poderia ter ido embora. Por que bater? Por não ter mais argumento? Isso foi a pior coisa que poderia acontecer: um ser humano que não sabe se comunicar e que explode em momentos tensos", relembra o repórter.


Para o apresentador Dan Stulbach, ele talvez não tivesse mantido a calma do colega. "O Lucas foi consciente, reagiu com elegância, fazendo prevalecer a reportagem", diz. "O 'CQC' está do lado do bem, onde é bom estar. Queremos mudar um por um."

E se engana quem pensa que a agressão desmotivou Salles a seguir adiante com o trabalho. Pelo contrário: "Não penso em ter coragem. Penso em representar aqueles que foram ofendidos. Imagine que, quando vamos atrás de um 'hater' homofóbico, por exemplo, o repórter não representa o programa, mas sim milhares de homossexuais que morreram espancados e outros que foram expulsos de casa por terem uma opção sexual diferente. Vamos continuar", finaliza ele.

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