Quando elas mudam os papéis: Rita Lee, Vanessa da Mata e Fernanda Torres

Elemara Duarte - Hoje em Dia
08/01/2014 às 08:20.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:12
 (Reprodução)

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As cantoras e compositoras Rita Lee e Vanessa da Mata e a atriz Fernanda Torres se apossam do mercado editorial, sob o aval da Companhia das Letras. “Storynhas”, que nada têm de infantis, é de Rita, com ilustrações de Laerte. O delicado e reflexivo “A Filha das Flores” é da artista mato-grossense. E o urbano “cariocado” em “Fim” é da atriz.

Aí, fica aquela curiosidade: será que elas se saíram bem nas aventuras? Primeiramente, vamos à Rita – a pioneira no mundo das artes dentre todas. Por isso mesmo, esse tanto de estrada que carrega, é que ela deita e rola, cheia de liberdades, na publicação. 

Os textos curtos, quase em formato de poemas, foram escritos com conta-gotas de postagens no perfil dela no Twitter. “Relendo minhas escrivi-nhações twittêscas nonsense d 4 anos p/ cá, entendi pq vários twittietes me chamavam d ‘velha louca drogada’, afinal, eu fazia twitterapia às custas da caridade de quem me amava”, diz Rita, na “intro” do livro, dando um bicudo no traseiro da ortografia – especialmente da “nova” versão lusitana-agregadora para as tábuas da escrita.

Lá dentro, muitas viagens hilariantes, às vezes, em tom de piada de adolescente que aprende a falar umas baixariazinhas, o que fica um pouco enfadonho.

Exemplo disso: “Bob Sperma” (em que conta a história de um “espermatozoide arrogante e determinado q malhava sem parar/ se preparando p/ a grande maratona”). 

Mas há também visões bem curiosas da artista como em “Decadenta” (a aventura de vida de uma cantora decadente) e “Trupe tropi”, sobre a MPB roqueira, longe da “visão tacanha dos puristas”. “Sambeletrônico. Rockarnaval”, pontua. Enfim, a Rita Lee que a gente conhece!

As Ficções delas

Nessa listinha de publicações, percebe-se que a digital do artista o persegue até debaixo d’água. Vanessa da Mata que o diga. Ela que começou a cantar e a compor aos 14 anos, após migrar do Mato Grosso para Uberlândia, no Triângulo Mineiro, mostra a vida de Giza, em “A Filha das Flores”.

Ela cresceu à margem de uma estrada que liga o norte e o sul do país, onde era cercad[/TEXTO]a por plantações de flores. Para cada situação da vida, triste ou feliz, uma flor diferente.

Neste primeiro romance, cheio de delicadezas, poesia e feminilidades, assim como a música da cantora, o tempo corre manso, mas sem deixar o tédio entrar. “– Você acha que uma mulher fica mais orgulhosa com flores ou com o sacrifício de uma vida tirada? – Acho que com flores”, responde sabiamente a personagem, diante de um bêbado com dor de cotovelo.

Menos lúdica e criativa, Fernanda Torres chega com “Fim”. No livro, a atriz e colunista de jornais e revistas do “eixão” RJ-SP fala sobre as alegrias e desventuras de cinco cariocas que viveram “o desbunde dos anos 1960”. Assim, depois de uma vida de excessos, percebem tamanha superficialidade e frustração que carregam. Ah, nem... Mais uma Rita Lee, por favor! 
 

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