Quarta temporada de 'Black Mirror' reabre discussões sobre tecnologias

Jéssica Malta
jcouto@hojeemdia.com.br
08/01/2018 às 17:24.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:39
 (Reprodução/Netflix)

(Reprodução/Netflix)

Não demorou muito para que “Black Mirror” voltasse a ocupar a pauta das discussões e análises que povoaram a internet nos últimos dias. Com uma leva de seis novos episódios, a quarta temporada (lançada no último dia 29) repetiu o feito da anterior – que marcou não só a estreia de novas histórias, mas também a ida da produção para a Netflix – e acendeu novamente o debate sobre a presença da tecnologia no cotidiano das pessoas.

Para o Pablo Moreno, professor de publicidade da PUC Minas, o interesse angariado pela produção tem uma forte relação com o próprio formato da série. “Acho que a curiosidade gerada pela produção está no fato de as histórias serem individuais, inéditas e não cansarem o público mais jovem, sempre ávido por novidades. A temática distópica chama a atenção por conta da presença dos dispositivos tecnológicos no nosso cotidiano. Isso Faz com que as pessoas reflitam e isso acaba reforçando a própria série”, pontua.

Abordando temas que vão desde os populares jogos de simulação (em “USS Callister”), a vigilância maternal (“Arkangel”), aos aplicativos de relacionamento (“Hang The DJ”, um dos mais comentados), a nova temporada, segue com seu jogo provocativo, de apresentar um não-realidade bastante real.

Apesar de ser ambientada em mundos distópicos e apresentar projeções sobre tecnologias e o futuro, Moreno destaca a proximidade da histórias apresentadas pela série com a realidade dos dias atuais. “Em ‘Black Mirror’ o presente e futuro são representados com pouco distanciamento. Caracteriza-se um futuro no qual o aparato tecnológico está mais sofisticado, mas as formas de se vestir das pessoas, por exemplo, não mudam muito em relação ao presente. Por essa razão, a sensação de identificação é tão grande. E é justamente essa sensação que permite uma reflexão maior acerca da presença das tecnologias na vida cotidiana”, sublinha. “O curioso é que acabamos usando as redes sociais para debater isso. E, de certa forma, acabamos alimentando sistemas de banco de dados e algoritmos que podem ser utilizados para fins muito diversos”, observa.
 

Impressões

Apesar de todo o burburinho, a nova temporada da série dividiu opiniões. Para Moreno,o protagonismo feminino nos episódios desta temporada é um de seus méritos, mas a semelhança com temáticas já abordas pode ser um sinal de perda de fôlego. “Na minha leitura, a série já não é mais tão inovadora e o assunto começa a soar repetitivo para uma audiência que espera por tantas novidades”, afirma o pesquisador.

Por outro lado, o gerente de marketing Diego Falabella, fã da produção, aponta a maior proximidade da série com temais mais atuais, além de uma guinada mais otimista nos episódios. “Era costumeiro o espectador chegar ao final dos episódios das outras temporadas bem melancólico e cabisbaixo”, observa.

O publicitário Gabriel Zaidan reforça o coro em defesa dos novos episódios. “Eu gostei bastante. Acho que eles chegaram em uma espécie de “fórmula” na montagem das histórias mas, ainda assim, além elas continuam muito interessantes e me colocam pra pensar. Então saldo positivo no fim das contas”

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