Quatro espaços de BH recebem a “semana clube da esquina” a partir desta segunda

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
29/11/2015 às 07:54.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:08
 (Ricardo Bastos / Hoje em Dia)

(Ricardo Bastos / Hoje em Dia)

O Clube da Esquina é celebrado diariamente pelos mineiros. É lembrado na programação das rádios, nos barzinhos, nas vitrolas e dispositivos de streaming para celular. A todo momento tem alguém lembrando que nada será como antes ou que os sonhos não envelhecem. Melhor ainda se essa celebração for oficial, com vários eventos que lançam luz sobre as pérolas criadas por amigos que, nos anos 1970, costumavam se reunir nas proximidades da casa da família Borges, no bairro de Santa Tereza.

De amanhã (30) a quinta-feira, vários espaços da capital mineira recebem a “Semana Clube da Esquina”, evento que conta com shows diversos (inclusive de Milton Nascimento, lançando seu songbook), bate-papo e inauguração oficial do Bar do Museu Clube da Esquina, criado onde antes funcionava o bar Godofredo.

De acordo com Anderson Fonseca, um dos produtores do evento, a semana nasceu com inspiração na “Beatle Week”, projeto nascido em Liverpool que ganhou várias cidades do mundo, inclusive Belo Horizonte. “Temos um movimento musical tão rico aqui, vimos que era preciso fazer algo maior sobre isso. Prestar um tributo a esses artistas que continuam produzindo, sem ficar apenas no saudosismo dos anos 70”, diz Anderson.

Segundo ele, a procura tem sido tão grande que dois shows já estão esgotados. “Estamos esperando um público bastante diversificado, de gente que vivenciou aqueles momentos e de pessoas que estão vindo de todo país. Percebo ainda uma grande movimentação de jovens apreciadores e músicos”, conta.

Na programação, há um bate-papo com o letrista e grande contador de causos Márcio Borges, abrindo a programação da “Semana”. Ele vai mostrar dois pequenos vídeos, contar um pouco sobre a Associação dos Amigos do Museu Clube da Esquina e, não bastasse, falar das várias e deliciosas histórias da turma.

Quem for, vai perceber que a música foi fundamental para os músicos envolvidos no que, posteriormente, seria chamado de movimento – mas o que os movia era a amizade. “Eu e Milton achávamos que a parceria acabaria ali, entre nós dois, que não interessaria aos outros. Mas logo chegou o Fernando (Brant) e pediu uma música, e ali nasceu ‘Travessia’.

Depois veio o Toninho (Horta) dizendo que queria fazer música também. O Bituca ficou sabendo que o Ronaldo (Bastos) também queria fazer parceria, e ele logo também fez com o Lô Borges e o Beto Guedes. Tínhamos parcerias abertas”, rememora Márcio.


Um ponto de encontro para fãs

Depois do fechamento dos bares Marilton’s e Godofredo, os amantes das músicas de Milton, Lô e Beto ficaram um pouco órfãos. Questão resolvida com a abertura do Bar do Museu Clube da Esquina, instalado no número 738 da rua Paraisópolis, no bairro Santa Tereza.

Um espaço que terá curadoria dos próprios integrantes do Clube da Esquina, para que a programação musical esteja sempre de acordo com a linguagem da turma. Esta semana, por exemplo, o espaço vai contar com poemas e músicas de Márcio Borges, Murilo Antunes e convidados (na quarta-feira), Pablo Castro (quinta), Marilton Borges e o filho Rodrigo (sexta) e Beto Lopes e Barbara Barcelos (sábado).

A festa oficial de inauguração terá fala de Márcio Borges sobre a importância do novo espaço, além de show dos irmãos Beto Lopes e Wilson Lopes (este último, maestro e braço direito de Milton Nascimento), que receberão, como convidados, Telo Borges, Tavinho Moura e Marilton e Rodrigo Borges.

No repertório, músicas que vão fazer todo mundo cantar junto, e que fizeram parte da trajetória dos vários integrantes do amplo clube nascido em Santê.
A ideia é que seja um ponto de encontro para admiradores do movimento musical e, consequentemente, uma atração turística para as pessoas que buscam informações sobre a turma que gostava de se encontrar em uma esquina que fica ali pertinho, na junção das ruas Paraisópolis com Divinópolis.

A festa oficial de inauguração só acontece na terça-feira, mas o bar já está aberto e rendendo burburinhos. “Teve um dia em que fui jantar lá e logo subi no palco, peguei o microfone e declamei uns poemas. Aproveitei para contar uns causos para os clientes”, diz Márcio Borges, reiterando que a intenção é transformar o espaço em um palco aberto para música, poesia e coisas gostosas da vida.

“Estava lá um casal de Belém do Pará que havia ido a Santa Tereza para ver a famosa esquina e soube do funcionamento do bar. Disseram ‘que bom que você estava aqui e pôde proporcionar esse momento tão especial’”, lembra.
 

Dos petiscos aos drinques, tudo no cardápio faz homenagem às músicas do movimento

A música não será a única atração do espaço. A preocupação do chef Leandro Pimenta foi passar, para o cardápio, a mesma “sensação” das músicas do Clube da Esquina. Assim, a gastronomia apresentada aos clientes dialoga, de alguma forma, com o jazz, o rock e o regionalismo que sempre esteve presente nos arranjos ou nas temáticas.


Não poderia ser diferente e os pratos ganharam nomes de músicas. No cardápio, será possível encontrar “Espanhola” (croquetas de calabresa com pimenta biquinho e molho barbecue), “Um Gosto de Sol” (risoto de abóbora e carne seca), “Trem Azul” (iscas de filé ao molho de queijo Azul de Minas) ou “Maria, Maria” (paillard de filé, tártaro, tomate seco, mussarela de búfala e alface).

Os drinques também seguem essa linha. É possível pedir um “Bailes da Vida” (com laranja, manjericão, Cointreau, açúcar e cachaça) ou “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo” (uma releitura do Tequila Sunrise, com suco de pêssego, no lugar do suco de laranja). O cardápio conta, ainda, com informações sobre a história do Clube da Esquina e pequenos depoimentos de quem viveu o movimento.

Temáticas

Importante reforçar que o Bar do Clube da Esquina foi criado pela iniciativa privada (por investidores que são fãs da turma) e não recebe dinheiro público.
As noites serão temáticas e as terças-feiras serão dedicadas a alunos e professores de escolas de música e corais. Já as quartas têm cara de sarau, pois serão reservadas para um misto de poesia, bate-papo e música. Alguns artistas devem se apresentar semanalmente, como Marilton e Rodrigo Borges.
 

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