Racismo só virou tema de filmes de Hollywood em 1962, com o thriller ‘O Sol é para Todos’

Paulo Henrique Silva
01/03/2019 às 16:28.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:47
 (DIVULGAÇÃO)

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A abordagem do racismo pelo cinema passou a ganhar atenção com o Oscar, quando se passou, nos últimos três anos, a ter uma mobilização por maior participação de artistas negros e filmes sobre a temática na premiação da indústria americana.

Na edição realizada na semana passada, eram três os longas concorrentes na categoria principal que levantavam a questão – “Green Book – O Guia”, ganhador da noite, “Infiltrado no Klan” e “Se a Rua Beale Falasse”.

Para chegar a este momento de maior representatividade, Hollywood levou cinco décadas, desde “O Sol é para Todos”, de 1962, um dos primeiros a abordar o tema, embora com diretor e protagonista brancos.

É bom lembrar que a história do cinema está muito ligada à segregação racial, já que um dos primeiros clássicos foi “O Nascimento da Nação” (1915), de D. W. Griffith, que mostra o grupo racista Klu Klux Klan de forma heroica.

Também no início do cinema, como em “A Cabana do Pai Tomás” (1903) e “O Cantor de Jazz” (1929), era comum atores brancos pintarem o rosto (o blackfacepara interpretarem papéis destinados a negros, numa atuação caricaturizada.

Primeiro astro

Após “O Sol é para Todos”, em que um advogado liberal defende um lavrador negro da acusação de estupro, outro filme importante foi “Adivinhe Quem Vem para Jantar?”, que tem Sidney Poitier no papel principal.

Poitier, que interpreta um médico que namora uma garota branca no longa de Stanley Kramer, foi o primeiro ator negro a ganhar destaque no cinema, atuando também em “Ao Mestre, com Carinho” (1966) e “No Calor da Noite” (1967).

Os anos 70 viram nascer um movimento chamado “blaxploitation”, que, além de contar com diretores e atores negros, exibia histórias voltados para o público afro-americano. O maior destaque foi “Shaft”, de 1972.

Richard Pryor, Eddie Murphy, Morgan Freeman, Denzel Washington e Whoopi Goldberg passaram a engrossar o primeiro time de atores. Whoopi teve seu grande papel em “A Cor Púrpura”, (1985), que exibe a segregação no Sul dos EUA dos primeiros anos do século passado.

É desta época também “Faça a Coisa Certa” (1989), de Spike Lee, que pautou sua carreira com filmes que refazem a história dos negros no país, como “Febre da Selva”, “Malcom X” e “A Hora do Show”.

Na esteira de Lee, surgiram outros cineastas de relevo, como Steve McQueen e Barry Jenkins, que ganharam o Oscar de melhor filme por “12 Anos de Escravidão” (2014) e “Moonlight” (2017), respectivamente.

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