‘Raspar a cabeça só me fez mais forte’

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
27/07/2014 às 07:31.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:32
 (Daryan Dorneles)

(Daryan Dorneles)

Ela agora ostenta madeixas loiras. Mas é justamente o momento em que raspou a cabeça – na verdade, pela segunda vez – que marca a abertura do DVD “Eu Raio X ao Vivo” (Coqueiro Verde), balizador dos dez anos (“profissionais”, tendo como pedra fundamental o disco de estreia, de 2003) de carreira da “cantautora” Isabella Taviani.   O disco audiovisual traz o registro do show realizado na casa noturna Imperador, no Rio de Janeiro, ano passado. Nele, a anfitriã recebe amigos – como Paulinho Moska, Elba Ramalho, Zélia Duncan e a mineira Myllena – para colocar em revista o repertório do disco de estúdio “Raio X”, de 2012. Mas não só. A esse recorte de repertório se juntam inéditas, como a folk “Se Assim For” (Isabella Taviani), o bolero “Ao Telefone” (Taviani e Myllena), o sambalanço “Galega Brasileira” (idem) e o rock “Queria Ver Você no Meu Lugar” (idem), este em dueto com a amiga Zélia Duncan. “Eu ia morrer de ciúme se não estivesse nesse elenco”, diz Duncan.   Myllena, por seu turno, divide os vocais com a dona da festa em “A Imperatriz e a Princesa”, além de assinar “Raio X”, a música que deu título ao disco de 2012, ao show e, agora, ao DVD. Com Moska, Isabella canta “Digitais”, repetindo a dobradinha feita no programa de TV “Zoombido” (porém, agora com nova introdução saída do violão de nylon do artista). E, finalmente, com Elba Ramalho, Taviani mostra sua versão forró-reggae para “Diga Sim Pra Mim”.   Voltando à questão dos cabelos, Isabella passou a máquina em 2011, época de gravação do disco. Tanto que o encarte já trazia as fotos (de Daryan Dornelles) da transformação que, agora, é mostrada em vídeo: a cantora passa (ela mesma) máquina 3 enquanto recita, em off, um texto sobre o medo. Em seguida, entra no palco quase careca, com seu violão dobro, cantando “Deixa Estar”. “Me senti mais jovem, liberta, ousada, feminina e corajosa”, diz ela, ao Hoje em Dia. Confira, a seguir, outros trechos do bate-papo.   O tempo corre e já se passaram alguns meses desde o show que marcou a gravação do DVD “Eu Raio X Ao Vivo” (em setembro de 2013, no Imperator, Rio de Janeiro)... O que você fez neste ínterim? Tem viajado com o show, parou por conta da Copa do Mundo? E quais os projetos para esse semestre?   Na verdade, gravamos em setembro de 2013, mas nossa intenção sempre foi lançá-lo este ano mesmo. Tivemos, até agora, apenas dois meses de turnê. Fizemos o show de lançamento em São Paulo e depois no Rio de Janeiro. À partir de agora é que começaremos a visitar outros estados. E no final do ano, inicio a gravação de meu novo trabalho, que será feito 50% no Brasil e 50% em Los Angeles. Todo mixado e masterizado no exterior.   Já está colhendo os comentários dos fãs a respeito do disco audiovisual (baseado no CD “Eu Raio X”, de 2012)? Como tem sido?   O resultado não podia ser melhor! Meu público estava me cobrando um novo DVD já há muito tempo. Acho que juntamos a fome com a vontade de comer, porque a vendagem está ótima e os elogios não cessam, mesmo na corrente “do contra” que sempre existe por aí (risos)...   Isabella, como foi a emoção da noite do registro? Bem, pelo que a gente pode aferir pelas imagens do disco, imagino que tenha sido demais. Rolou algum imprevisto, alguma situação digna de nota, de bastidores?   Tudo correu muito bem, tranquilo. As participações musicais – Zélia Duncan, Elba Ramalho, Moska e a mineira Myllena – foram de uma energia tão coesa e positiva, o que só aumentou nosso brilho. Imprevistos, claro, sempre acontecem, mas, na hora da minha troca de roupa, meu camarim estava trancado! Fiquei louca procurando minha figurinista e o resultado foi: um atraso bizarro para voltar. Ainda bem que era DVD, então não tínhamos uma preocupação excessiva com o ritmo de tudo e, sim, com a captação do nosso melhor.   Você costuma enfatizar muito a (ótima) relação que mantém com seu contingente de fãs... Como mantém esse canal aberto, através de site, redes sociais? No caso, quais você usa?   Acho que desde o início meus fãs foram muito importantes no progresso da minha carreira, ajudando na divulgação da minha música, como se fosse deles, entende? Tomaram para si. Orgulhosos em apresentar minhas canções para outras pessoas, aumentando essa “tribo”. Mantenho esse contato nas redes sociais sim, mas não só ali. Ultrapassamos os limites digitais e mantemos contato pessoal: eles organizam encontros entre si e às vezes contam com minha presença também.   No curso desses dez anos de carreira, poderia apontar um fato marcante?   Meu primeiro show no Canecão (icônica casa de shows da zona sul do Rio de Janeiro, que fechou suas portas devido a um imbróglio com a Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, que ganhou na justiça a posse do local – que tinha como locatário o empresário Mario Priolli – e promete, para o ano que vem, a abertura de um centro cultural) no início de 2004, apenas oito meses depois do meu CD de estreia (2003). Como amante das grandes cantoras deste país, costumava frequentar a casa de espetáculos constantemente, e ali eu sonhava... com o dia em que eu estaria naquele palco! E quando isso aconteceu, não podia ser em melhor estilo: lotação esgotada e a energia lá em cima. Ainda me lembro dos rostos, das luzes, dos medos e dos arrepios daquela noite. E alguma reação de fã marcante? Meus fãs são tão queridos! As reações sempre são respeitosas e afetuosas. Essa coisa de tatuagem que alguns fazem, eu acho muito louco. Tenho uma fã que tem sete tatoos minhas: logomarca IT, autógrafo, meu rosto, letras de músicas, etc...   Como está seu cabelo hoje? Deixou crescer? Como avalia hoje a experiência de raspar os cabelos? Aliás, li a sua crônica no jornal “Extra”, muito boa...   Obrigada! Deixei o cabelo crescer e agora estou loira (risos). Sinto necessidade de mudanças porque cada trabalho traz à tona a intérprete. É uma questão de composição da personagem. Raspei a cabeça pela primeira vez quando gravei o CD “Eu Raio X”, em dezembro de 2011. Passei um ano me mantendo assim durante a turnê do álbum. Em dezembro de 2012 parei de raspar, já me preparando para algo novo, só que a proposta de gravar o DVD aconteceu e aí tive que raspar a cabeça novamente. Aproveitei e fiz deste momento a abertura do DVD.   Poderia resumir a experiência?   Me senti muito bem de cabeça raspada. Engraçado, me senti mais jovem, liberta, ousada, feminina e, depois deste ato, corajosa. Enfim, a personagem tomou conta da pessoa real e só me fez mais forte e capaz de trilhar e construir meus novos passos.

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