Regularidade e projetos de formação impulsionam música de Câmara em BH

Bernardo Almeida
30/09/2019 às 08:48.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:00
 (Paulo Lacerda/ Divulgação)

(Paulo Lacerda/ Divulgação)

O lançamento do CD e DVD “Quem Perguntou Por Mim: Fernando Brant e Milton Nascimento” pela Orquestra Ouro Preto (OOP) na próxima quinta-feira, no Palácio das Artes, é mais uma das iniciativas que marcam não apenas o bom momento do conjunto comandado pelo maestro Rodrigo Toffolo, como também a grande procura do público por apresentações do gênero. 

Casa permanente da OOP desde 2015 com a Série Domingos Clássicos, o Sesc Palladium tem registrado uma ocupação média de 75% do teatro, índice que também se aplica a outra orquestra que faz dali o próprio lar, a Opus. Criada em 2006 e regida por Leonardo Cunha, ela vem garantindo grande quantidade de espectadores em parcerias com nomes da MPB como Maria Gadú, Dado Villa-Lobos e, mais recentemente, Léo Jaime.
A audiência cativa é algo que a regularidade das apresentações ajuda a consolidar, acredita Janaina Cunha, gerente cultural do Sesc em Minas Gerais. 

“As pessoas já sabem que haverá essa apresentação em um domingo do mês. A regularidade contribui para a consolidação da plateia, com repertórios variados da música erudita à parceria de sucesso com Alceu Valença”, diz Janaina, referindo-se à performance “Valencianas”, que no ano passado teve os ingressos esgotados em apenas quatro horas, em pleno domingo. 

“Além disso, procuramos tornar a experiência agradável, com o maestro apresentando o repertório ou o compositor no início para chegar a esse público”.

Janaina também enfatiza a atuação da Orquestra de Câmara Sesc, que trabalha na formação de jovens de baixa renda, de 10 a 17 anos. “Eles vêm a essas apresentações e trazem familiares que passam a ser cativos em outras performances orquestrais”, atesta. 

Ela ainda chama atenção para os ingressos a preços acessíveis, comemorando a venda de todos os bilhetes para a apresentação da Orquestra Ouro Preto com Pé de Sonho, marcada para 13 de outubro.

Sem Formalidades 

“Quebra-se a sacralidade e a formalidade dos concertos”, entende Eliane Parreiras, ao analisar os projetos voltados para a juventude na Fundação Clóvis Salgado, que preside.

Ela observa a heterogeneidade do público, tanto em faixa etária quanto em termos socioeconômicos, como elemento determinante na ascensão registrada nas cadeiras da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. 

Este ano, mais de 16 mil pessoas estiveram nas 27 apresentações, 33% a mais que no mesmo período de 2018. “Essa curva ascendente se deve ao trabalho consistente da nossa e de outras orquestras, como a Ouro Preto, a Orquestra Filarmônica, além do Cefart e o programa de formação da Escola de Música da UFMG”. 

Políticas públicas como a abertura de novos espaços também são reconhecidas. “Antigamente a programação da Filarmônica tinha que ser compatibilizada, dividida com outras apresentações artísticas dentro do Palácio das Artes. Com a sala Minas Gerais, essa oferta pôde ser ampliada, e o espaço insere Minas dentro de um circuito nacional e internacional de grandes orquestras”, analisa.
 

Ingressos para o lançamento do CD e DVD da Orquestra Ouro Preto à venda a partir de R$ 37,50, no www.ingressorapido.com.br


Público tem respondido a diálogo com outras artes

O diálogo da música clássica com outras linguagens artísticas é contemplado como um diferencial para tornar as orquestras mais conhecidas do público. Além da música popular brasileira, outra vertente explorada com frequência é o cinema, homenageado na execução de trilhas sonoras. 

Os filmes “Guerra nas Estrelas”, “Harry Potter”, “Indiana Jones”, “Jurassic Park”, “A Lista de Schindler” e “Superman” são facilmente associados à música de John Williams, que foi interpretada pela Orquestra Sinfônica de Minas Gerais no início de setembro, no Grande Teatro do Palácio das Artes. 

“O diálogo da música com outras linguagens tem tido impacto para um público que tem um aspecto visual”, analisa a presidente da Fundação Clóvis Salgado, Eliane Parreiras.

Ela enfatiza a necessidade trabalhos de engajamento específicos. “Fizemos um trabalho de comunicação customizada, em que procuramos os fã-clubes de alguns desses filmes. Isso permitiu maior mobilização, alguns (dos presentes) subiram ao palco fantasiados de cosplay, se inseriram”, pontua. Diante das sessões de casa cheia no início do mês, serão abertas mais duas sessões em novembro, com data a ser definida.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por