“Relentless” conta a história da banda mais bem-sucedida do metal brasileiro

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
25/01/2016 às 07:57.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:09
 (Yasuyoshi Chiba)

(Yasuyoshi Chiba)

Jason Korolenko recebeu das mãos de um amigo, em 1992, uma fita VHS com um show do Sepultura em Barcelona. As cenas que viu tinham tanta energia que a paixão foi imediata.

“Assisti a tantas vezes essa fita que ela estragou”, conta o escritor americano, que acaba de lançar no Brasil o livro “Relentless – 30 Anos de Sepultura” (Benvirá), com a história da banda que teve início no bairro Santa Tereza e ganhou fama mundial com um heavy metal cheio de personalidade.

Em mais de 300 páginas, o escritor americano relata a história da banda desde o momento em que os irmãos Max e Igor Cavalera começaram a tocar. Além da trajetória da banda, aqui há uma contextualização histórica sobre a ditadura militar – para que o leitor americano pudesse compreender a abertura política em que a banda estava inserida.

Estudar sobre o Brasil não foi tarefa complicada, porque a noiva do escritor é brasileira e o relacionamento deles já tem 13 anos. “Acho que a coisa que mais me surpreendeu foi aprender sobre a ditadura militar e como o governo repreendia qualquer arte, filme ou música que considerasse subversivo”, lembra Korolenko.
 
Três anos
 

Para que a trama pudesse ser desenvolvida, ele entrevistou mais de 20 pessoas, entre integrantes e ex-membros da banda, familiares e pessoas próximas. Até mesmo Jason Newsted (ex-Metallica), por ser fã do Sepultura, foi entrevistado e faria a introdução da obra, se agenda – intensa – do músico tivesse permitido. Ao todo, foram três anos de trabalho para realizar a biografia.

“A palavra ‘compromisso’ não existe para o Sepultura, e eu adoro isso. Eles nunca cedem a pressões externas. Eles lutaram em dificuldades que teriam destruído bandas menores. Estão sempre evoluindo e amadurecendo como músicos, sempre tentam algo novo e diferente”, afirma Korolenko.
 
“Roots”
 
Desde o início, o livro destaca bem a saída de Max Cavalera, em 1996, quando parecia que a banda acabaria, logo após viver seu auge criativo e midiático com o álbum “Roots”. Mas a história provou que o Sepultura era maior do que os irmãos fundadores. “Mesmo sem os Cavaleras, o espírito Sepultura ainda está lá e forte. A banda ainda está escrevendo de forma incrível, emocionante e pesado”, diz o autor, que não pôde vir a Belo Horizonte durante a apuração da história (ficou quatro meses em São Paulo), mas já prometeu vir para visitar Jairo Guedz, o guitarrista que fez parte da primeira formação.

Para Korolenko, o mais difícil do processo foi saber separar o autor do fã. Lidar com a divisão entre banda e os irmãos Cavalera também foi um complicador.

“Por causa da própria natureza da história do Sepultura, a divisão com o Cavalera e toda a imprensa, na sequência de Max e Igor de partidas, muitas pessoas têm opiniões muito fortes sobre a situação. Eu mesmo tenho opiniões muito fortes, embora eu tentei ficar imparcial no livro porque não é sobre mim ou o que eu penso. É sobre o Sepultura”, arremata.

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