Boa parte daquelas produções fotográficas lindíssimas, com famosos do universo da música presente nas revistas Vogue, Rolling Stone e Serafina, é assinada por um mesmo artista. O carioca Daryan Dornelles tem mais de mil fotos publicadas e se tornou o principal retratista do universo da arte no Brasil. Desde poderosos, como Chico Buarque, Ney Matogrosso e Milton Nascimento, até jovens amados pela mídia, como Tulipa Ruiz e Criolo, já posaram para suas lentes.   Dos 240 personagens já fotografados por ele, 150 estarão no livro “Retrato Sonoro”, que ele lança em breve pela editora Sonora. O livro já está pronto, mas seu lançamento depende da fábrica chinesa encarregada de imprimi-lo. “O retrato é a minha paixão, é o que sei fazer de melhor. Já fiz outros tipos de trabalho, mas foi no retrato que encontrei a minha linguagem”, afirma Daryan Dornelles.    Tirar do músico uma espontaneidade em uma sessão de fotos não é para qualquer um. Antes de qualquer trabalho, Daryan pesquisa sobre o artista, procura conhecer sua obra e dados sobre sua personalidade. “Todo mundo fica sem graça em frente à câmera, não sabe o que fazer. Ali, ele não tem um papel, não tem um palco para fazer seu trabalho. Por isso, quanto mais à vontade estiver comigo, melhor”, diz o fotógrafo, que é um grande apaixonado por música – possui uma coleção de 8 mil vinis. “Levo as minhas referências, bato um papo com o artista e interfiro onde eu puder interferir”.    Há muitas fotos suas feitas em estúdio, mas Daryan está sempre atento a locações diferenciadas. Como ele não dirige, está sempre circulando pelo Rio de Janeiro com olhares atentos. “Dentro do táxi ou do ônibus, andando de bicicleta, observo a cidade. Quando vejo uma locação interessante, anoto em um bloquinho. Uma vez, vi o prédio do Automóvel Clube, no centro do Rio, que estava abandonado. Entrei para olhar e vi tudo destruído. Sugeri fazer fotos da Thais Gullin e da Karina Buhr ali. Hoje nem dá mais, porque o prédio foi condenado”, diz o fotógrafo de 43 anos.  Olhares múltiplos para a música Em Belo Horizonte, fotógrafos de diferentes áreas de atuação perceberam que registrar músicos e bandas pode ser um trabalho interessante e com potencial. Marco Aurélio Prates, por exemplo, decidiu focar a atuação de seu estúdio para o setor cultural.   Prates já registrou pessoas de diferentes turmas, como Janaína Moreno, Gabriel Guedes, Thiago Delegado, Julgamento e Doktor Bhu e Shabê. “Meu primeiro fotografado aqui foi o Mestre Jonas. Foi como se ele tivesse abençoado o estúdio”, diz Prates.    O fotógrafo acredita que o grande segredo ao se registrar músicos (especialmente quando estão no palco) é antecipar movimentos. “A fotografia é realizada dentro de um espaço de tempo. É uma fração curta de tempo, mas não é algo que acontece instantaneamente. Por isso é importante se antecipar”, diz Prates.    Fotógrafo da Cria! Cultura, Flávio Charchar trabalha especialmente com o show ao vivo. O fato de ser músico (ele é guitarrista do Julgamento) contribui para a estética das imagens. “Enxergo o show de outra forma. Noto uma piada entre os músicos onde um deles errou um acorde, ou o sentimento de um vocalista em êxtase no auge de uma música, que pode nem ser o hit do artista ou o ápice do show, mas ele está no seu auge”, explica.   Moda   Discípula de Weber Pádua, Anna Lara se especializou em imagens de moda. Mas já foi requisitada por artistas como Affonsinho, Sol Alac, Pablo Passini e Felipe Continentino. “É um trabalho bem diferente. Na moda, as modelos estão acostumadas a passar uma imagem, sabem articular o corpo. Já o músico, apesar de trabalhar sempre com a imagem, apresenta na sessão de fotos uma timidez que não aparece nos palcos, onde são completamente desinibidos”, explica a fotógrafa, que sabe explorar uma leveza de luz e cores. 

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