(nitro/divulgação)
Quem são e o que pensam os mais de 700 mil homens e mulheres privados de liberdade no país? O objetivo da revista “A Estrela” é permitir que eles mesmos, os componentes da população carcerária, contem suas histórias. Resultado do projeto piloto de comunicação realizado com 19 detentos e um funcionário da Associação de Proteção ao Condenado (Apac), o periódico será lançado hoje, a partir das 19h, na Nitro Imagens (rua Joaquim Linhares, 207, Anchieta).
O mais bacana da iniciativa? Todo o conteúdo da revista– nada menos que 32 páginas de textos e fotos –, foi produzido pelos detentos durante curso sobre técnicas e conceitos da comunicação profissional que ocorreu na Apac entre os dias 27 de outubro e 4 de novembro. O curso foi conduzido pela jornalista Natália Martino, pelo fotógrafo Leo Drumond e pelo designer Gabriel Reis, ambos da Nitro Imagens.
Durante o lançamento, que é aberto ao público, haverá leilão de parte das fotos produzidas no curso, bem como venda das revistas. Metade da renda será destinada à Apac e a outra parte será revertida para pagamento das impressões do periódico.
O projeto
“A Estrela” pretende ser uma iniciativa de longo prazo com o objetivo de ser aplicada em várias unidades prisionais, com os mais diferentes perfis. A revista e a publicação digital contarão com conteúdo exclusivamente produzido pelos detentos. Serão ensaios fotográficos, ilustrações, textos em diversos formatos e vídeos. Outros recursos também ser utilizados, como ilustrações.
O nome
A publicação recebeu seu título em homenagem ao periódico homônimo, que circulou na década de 1940. “A Estrela” era produzido na Penitenciária Central do Distrito Federal e publicava artigos produzidos por detentos ao lado de textos escritos por grandes expoentes do direito penal no período.
Um editorial de 1944 resume bem o perfil da publicação: “Quem melhor do que o próprio encarcerado poderá indicar aquilo de que mais carece? Para que legislar, decretar; para que conferências penitenciárias se àquele mais fundamentalmente visado por essas medidas é recusado o direito de falar, e quando os seus mais justos anseios devem ser recalcados?”.