Rio recebe exposição com 85 obras do Museu d’Orsay de Paris

Altino Filho - Do Hoje em Dia
03/11/2012 às 11:54.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:50
 (Musée d'Orsay/Reprodução)

(Musée d'Orsay/Reprodução)

No dia 23 de outubro, exatamente dez dias atrás, um turbilhão de pessoas começou a chegar ao Centro Cultural do Banco do Brasil - que funciona há 23 anos no imponente prédio da antiga Sede - na região central do Rio.

O imã que atraía tanta gente estava devidamente instalado no primeiro andar da instituição: a exposição “Impressionismo, Paris e a modernidade”, uma mostra de 85 obras do Museu d’Orsay de Paris que fica por lá até 13 de janeiro.

Monet, Van Gogh, Manet e Renoir, entre outros artistas centrais do movimento impressionista, estavam ali, divididos em seis módulos que percorrem desde a sanha modernista (e mundana) da capital francesa do final do século XIX até aos bucólicos campos e lagos do interior do país, retratados por aqueles que se sentiram repelidos de sua própria contemporaneidade, ou daquela festa toda em que Paris se transformara.

Marcelo Mendonça, gerente do CCBB do Rio, acompanhou tudo com sobriedade. A mesma que apresentou na implantação do CCBB de São Paulo, ou do CCBB de Brasília, onde foi um dos seus primeiros gestores. Há dois mandatos à frente do CCBB do Rio, o goiano Mendonça mantem o mesmo ritmo pausado – e focado – que caracteriza sua trajetória dentro da área cultural do banco e, principalmente, dentro do mundo da arte. A seguir, uma conversa com Marcelo Mendonça sobre gestão cultural, CCBBs (inclusive o prometido para Minas), mudanças e, claro, as grandes exposições possíveis.

 

Marcelo Mendonça, gerente do CCBB no Rio de Janeiro (Foto: Fundación Mapfre/Divulgação)

 

Como surgiu a ideia de trazer esses trabalhos do d’Orsay para o CCBB?

É o mais importante acervo de obras impressionistas do mundo, são obras-primas da parede.
A exposição conta com o próprio presidente do Museu d’Orsay como curador (Guy Cogeval) e foi pensada especialmente para o CCBB. Não é uma exposição de prateleira como costumamos dizer, mas feita com exclusividade para nosso espaço e com um conjunto de obras que contam bem a história do movimento impressionista na França. A Fundação Mapfre ( espanhola) acenou com a possibilidade e nós a abraçamos imediatamente. O Museu d’Orsay se mostrou aberto a essa parceria com o CCBB e aí está. Aconteceu da melhor forma possível.

Como funciona a gestão cultural dentro do Banco do Brasil?

Eu sou um funcionário de carreira do banco. Ingressei em Brasília através de concurso público. Pouco tempo depois, fui convidado para compor a equipe que implantaria o CCBB de São Paulo. A seguir, veio o Centro do próprio DF, onde fui um dos primeiros gerentes. Na sequência, surgiu o convite para ser o gestor do CCBB/Rio e, agora, posso me mudar para BH a qualquer momento... (risos).

Você gostaria de viver em Belo Horizonte?

Eu já morei em Minas. Morei em Uberlândia quando era mais jovem. E sei que um importante CCBB será implantado na capital mineira. Não tenho informação sobre quando será a abertura mas o banco trabalha com um sistema de rodízio, ficamos três anos à frente de cada equipamento cultural e depois seguimos para outros desafios. Eu sou um andarilho. E por ser goiano não terei nenhum problema de adaptação, existe algo próximo entre os dois estados.


Como você vê o crescimento do público interessado em arte? Esse movimento intenso que acontece no CCBB do Rio já é reflexo dessa política de formação de plateia das duas últimas décadas ou existe algum elemento novo nesse sucesso de visitação?

Olha, aqui o carioca sabe que existem produtos culturais de alta qualidade, e de graça. O CCBB para o povo do Rio é como se fosse uma praça pública onde eles se encontram para curtir uma peça, um concerto, um filme, uma exposição, um sarau, enfim, são milhares de eventos nesses últimos 23 anos. Acho que o Brasil está mudando. As pessoas estão entendendo que isso é importante. O ponto todo é educação. Hoje vejo mais gente interessada em arte, as artes plásticas não são mais tão distantes como eram no passado. Uma coisa bacana de observar é quando a criança influencia os pais, e ouço relato de muita gente que diz que veio ao CCBB a pedido do filho que se interessou pela mostra. Acaba a família toda contaminada. Isso é legal!

No dia 13 de janeiro a mostra do impressionismo se encerra. Qual será o próximo presente para o Rio?

Nossa! Não estou podendo falar pois ainda não está totalmente fechado. Mas temos uma conversa com o Pompidou para a mostra “Elas”, só de mulheres artistas de primeira linha. Desde aquelas do início do século XX até os dias de hoje. De Frida Kahlo a Rivane Neushvander, passando por Marina Abramovitch, as Lígias Clark e Pape, enfim, o melhor das mulheres. O Museu Pompidou deve nos apoiar. Enfim, já contei tudo! Devemos bater o martelo já na próxima semana e começar a embalar esse próximo presente.

Hoje é mais fácil manter esse padrão internacional? Que horizonte você vê para as futuras mostras?

Se depender dos museus europeus e norte-americanos que nos visitam, nosso cardápio vai continuar servindo o que há de melhor no mundo das artes para os cariocas e os visitantes. Temos conversado com Dresden, um pool de museus alemães, National Gallery, de Londres, Metropolitan Museum de Nova York e diversos outros.

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