Rodolfo Vaz se arrisca na encenação de “O Capote”

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
10/10/2015 às 08:03.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:00
 (Divulgação)

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O anti-herói Akaki sempre instigou o ator Rodolfo Vaz, como alguém que vive à margem de uma sociedade careta e cruel. “Alguém diferente, sem ironia, sem desejos, com sua rotina ingênua e coisificada. Alguém humilde, que não faz mal a ninguém e é massacrado pelos donos do mundo”, discorre o ator sobre o personagem que atualmente abraça na peça “O Capote”. A adaptação da obra de Nikolai Gogol (1809-1852) ocupa o Centro Cultural Banco do Brasil BH (Praça da Liberdade) de sábado (10) ao dia 9 de novembro, sempre de quinta a segunda, às 20h.

Na montagem, que traz a direção de Yara de Novaes, adaptação de Drauzio Varella, e dramaturgia de Cássio Pires, Rodolfo é Akaki Akakievitch, escrevente de uma repartição pública de São Petersburgo que precisa se submeter a severas restrições a fim de conseguir economizar dinheiro para comprar um capote.

PEGADA SOCIAL

Apesar de ter sido escrita em 1842, Vaz entende que pouca coisa mudou em relação aos temas abordados. “As desigualdades, a burocracia, a fraternidade e etc. Nós não fazemos uma peça de época. O ocorrido foi no século 19, mas não significa que por lá tenha acabado...”, analisa, acrescentando o quanto Akaki toca as pessoas. “Faz pensar sobre como tratamos nossos irmãos. Em São Paulo (onde a peça estreou), as reações foram muito emocionadas. Fernando Bonassi, escritor que esteve por perto como colaborador nas discussões que antecederam a montagem, disse que ‘ali estavam toda a nossa dor e a nossa vergonha’”.

As discussões citadas por Rodolfo teriam sido fundamentais para o espetáculo. “A pegada social, a presença de narradores atuais que não dão voz ao Akaki do século 19, as narrativas digressivas da música e das imagens inseridas no espetáculo e, principalmente, a redenção da personagem, tudo isso nasceu desses encontros com Drauzio Varela, com o filósofo Mario Sérgio Cortella, com o escritor Fernando Bonassi, com a professora de literatura russa Elena Vássina, com a diretora Cristiane Paoli Quito e, claro, na sala de ensaio com toda a equipe”.

DOUTOR

Drauzio Varella foi, aliás, figura fundamental para que o espetáculo acontecesse. Explica-se: seis anos atrás, Vaz fazia a peça “Por Um Fio”, de Varella, junto à esposa dele, a atriz Regina Braga. Ao comentar com o médico sobre seu apreço por Gogol e, em particular, a “O Capote”, Varella também se confessou um entusiasta do texto e fez uma primeira adaptação para Vaz. Na sequência, Cássio Pires entrou em cena, para o arremate.

No palco, também estão os atores Rodrigo Fregnan e Marcelo Villas Boas. Já sobre a direção de Yara, Rodolfo diz: “Temos uma grande amizade e uma grande sintonia para o trabalho. Uma relação leve e profunda de cumplicidade artística. É sempre uma alegria mergulharmos juntos em mares tão profundos e instigantes”.

"O Capote” – CCBB BH (Praça da Liberdade). 70 minutos. 12 anos. Até 9 de novembro. Quinta a segunda, às 20h. Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia)
 

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