Rodrigo Amarante apresenta repertório de "Cavalo" na íntegra, esta noite, no Granfinos

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
08/11/2013 às 08:30.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:00
 (Elliot Lee Hazel )

(Elliot Lee Hazel )

O exílio pode suscitar uma complexidade de sentimentos em um ser humano, até mesmo nos mais adaptados a viagens e mudanças. Os questionamentos sobre distância, saudade e consciência que surgiram na mente de Rodrigo Amarante durante sua vivência nos Estados Unidos (ele se divide entre lá e cá desde 2007) foram fundamentais para a criação de "Cavalo" (Som Livre), seu primeiro álbum solo, que será apresentado na noite desta sexta-feira (8), no Granfinos.

"O disco foi feito fora do meu contexto, do meu país e acabou por ser um disco sobre a minha condição de estrangeiro. Quando eu me vi assim separado da minha terra me vi também separado de mim, uma parte de mim que se destacou para me ver de fora, que eu via também de longe", afirma Rodrigo Amarante, em entrevista por e-mail.

O nome escolhido para o debute em carreira solo, estranho em um primeiro momento, ganha sentido com as 11 faixas do álbum após a explicação. "Cavalo é o veículo desse duplo que me espelha, desse outro que se criou com o meu exílio. Eu vejo que em mim quando escrevo existem dois, um que quer apenas celebrar o presente, aquele que cria sem compromisso, que derrama ideais e não as desenvolve e outro que é o disciplinador, o que quer tirar dessa pulsão alguma coisa concreta, transformar em obra", diz Amarante. "Cavalo é o meu cúmplice inventado, testemunha dessa viagem".

Com esse álbum, denso e minimalista, o artista vivenciou um processo completamente diferente do que havia vivenciado em seus trabalhos anteriores – Los Hermanos, Little Boy, Orquestra Imperial. "A maior diferença em fazer um disco sozinho é não ter com quem expressar as ideias e tomar todas as decisões sozinho. Por conta da falta de interlocutor eu acabei escrevendo muito sobre as ideias e o ato de escrever, sobre o que eu queria com esse disco e com isso supri um pouco essa necessidade o que me levou a descobrir muito sobre o que eu estava fazendo".

Desconforto

Amarante não quer saber de comparações, mesmo que seja sobre si mesmo. Quando o assunto sai do disco e chega aos Los Hermanos, o músico deixa claro seu desconforto. "Eu não faço música pra competir com ninguém quiçá com as minhas próprias bandas. Não estou atrás de recordes de histeria ou o que quer que seja que se relacione com o que foi o Los Hermanos ou quem quer que seja", responde Amarante, ao ser questionado sobre o assédio dos fãs de Los Hermanos.

Faz questão de deixar claro que não vai cantar nada de seus projetos anteriores. O show contém as 11 músicas de "Cavalo" e talvez alguma composição nova.


Serviço

Rodrigo Amarante no Granfinos (avenida Brasil, 326), nesta sexta-feira (8), às 23 horas. Ingressos de R$ 50 a R$ 120.

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