Série japonesa do gênero 'tokusatsu' ganha versão animada na Netflix

Paulo Henrique Silva
13/04/2019 às 21:05.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:14
 (RIVA MOREIRA)

(RIVA MOREIRA)

A simples menção da palavra japonesa “tokusatsu” não deverá provocar qualquer lembrança na geração que cresceu vendo TV na década de 80. Mas basta citar títulos como “Ultraman”, “Spectreman”, “Jaspion” e “Changeman” para logo ser levada a um túnel do tempo onde prevaleciam monstros com zíper nas costas e cidades (mal) feitas em maquetes.

Isso era em outra época. Agora, os “tokusatsu”– séries japoneses de ação e fantasia – são feitos para ganhar novas gerações. Sem perder o público saudosista, a Netflix acaba de pôr no cardápio uma animação com aquele que é o principal herói deste universo – Ultraman, criado em 1966 e campeão de audiência em vários países, inclusive no Brasil.

Para Thiago Rique, fã do personagem desde quando era exibido no SBT, a receita da animação foi certeira, “ao providenciar material novo às gerações atuais, sem perder o apelo nostálgico”, com várias referências ao original. E o mais importante: sem fazer alterações na linha do tempo do herói – “Não seriam loucos para tanto”, salienta.

Baseada num mangá (gibi japonês) editado a partir de 2011, a animação tem como protagonista Shinjiro Hayata, filho de Shin, o primeiro a se fundir a uma força alienígena e a se transformar no Gigante de Luz. Décadas se passaram, com o alien indo embora da Terra e Shin se casando até que o filho deste descobre ter herdado as características de Ultraman.

A gente percebe uma fidelidade boa ao mangá, destacando-se a direção e as tomadas. É uma produção de alto nível, em que os fãs irão reconhecer as coreografias e os movimentos clássicos”, analisa Rique. Ele destaca ainda a abordagem mais pop, em que sai de cena a paranoia japonesa em relação à derrota na Segunda Guerra Mundial.

Agora é a história de um garoto que quer provar que é tão bom quanto o pai. Antes, a questão da bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki e o fato de perder para as forças invasoras eram, de forma metafórica, retratadas nas produções”, observa. “Spectreman”, outro grande sucesso no Brasil, também tinha esse viés, com vilões que surgiam do lixo radiativo.

Cidades de papel

Rique recorda que a série de 1966 era feita com baixo orçamento, o que, numa ficção-científica que exigia monstros e discos voadores, pode acabar tendo um efeito divertido, “sendo nítidas as cidades confeccionadas em papelão”. Os espectadores pouco se importavam com esse detalhe. “O personagem tinha carisma e as lutas nos encantavam”.

Enquanto outras séries tentaram, sem grande sucesso, imitar o estilo de “Ultraman”, ganhando poucas temporadas, o Gigante da Luz foi perpetuado em vários filmes e produções para TV. Muitas vezes na pele de outros personagens, ele reapareceu em títulos como “Ultraseven” (1967), “Ultraman Tiga” (1996), “Ultraman Nexus” (2004) e “Ultraman X” (2015).

Poucas foram as versões que chegaram ao Brasil. Aqui preferiram reprisar os 39 episódios do original, apresentados pela primeira vez pela TV Tupi durante a década de 1970. Em seguida, foi mudando de “casa”, passando por Record, SBT, Bandeirantes, Manchete, CNT e, mais recentemente, Ulbra e TV Brasil. Atualmente pode ser encontrado no formato DVD, num box com cinco discos.Editoria de Arte

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