Sílvia Pfeifer "vira" Maria Callas

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
25/04/2014 às 07:59.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:17
 (Vilaboas)

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A música clássica sim, sempre esteve presente no dia a dia de Silvia Pfeifer. “Uma das emissoras que tenho salva na memória do rádio do carro é a MEC FM, e criei meus dois filhos colocando-os para dormir com músicas clássicas”. Já do universo da ópera, a atriz confessa: não era, assim, tão enfronhada. Há alguns meses, porém, este nicho ganhou não só uma pesquisadora aplicada quanto uma fã das mais entusiastas. Principalmente no que se refere ao “recorte” Maria Callas. “Conhecia dela o que, diríamos assim, a média das pessoas conhece no sentido da origem, de sua importância”.

O despertar de Silvia Pfeifer para a diva teve como intermediária ninguém menos que Marília Pêra, que a convidou para interpretar a cantora em “Callas”, que chega a BH para apresentações, neste sábado (26) e domingo, no Teatro Bradesco. O chamado de Pêra veio em boa hora. Pfeifer estava ansiosa para retornar aos palcos, e assentiu à proposta de pronto. E qual não foi a surpresa quando, ao receber o texto, se deu conta de que se tratava de um quase monólogo.

Não que a presença do personagem de Cássio Reis fosse dispensável. “O Cássio está desde o início em cena, mas há uma parte considerável na qual não há tanta dramaturgia, é mais a Callas contando trechos da vida. Percebi o tamanho da responsabilidade que tinha pela frente, bateu uma certa ansiedade, fiquei a dez mil por hora. E não foi um período muito longo (de preparação). Da primeira leitura ao primeiro ensaio aberto, que, para a Marilia, é uma estreia, foram menos de 60 dias”.

Antes dos ensaios, Sílvia já estava acionando a indicação de Marília, de um amigo que tinha um vasto arquivo sobre a cantora. “Também entrei na internet, comprei livros, assisti a vídeos, óperas, li entrevistas, vi documentários...”. E não só de Callas. “Fui estudar a história das óperas e fiz aulas de canto – poucas, seis ou sete. Na verdade, não canto no espetáculo, mas queria entender o que é um aquecimento de voz, vocalises... Só não dei conta de fazer mais por questão de agenda”.

“Callas” – Classificação: 12 anos. Neste sábado (26), 21h, domingo, 20h. Teatro Bradesco (rua da Bahia 2.244, Lourdes). Ingressos: Plateia I e II - R$ 80 / Plateia II – R$ 50 - valor promocional limitado a 20% da capacidade da casa.
 
"Não dá para conhecer e não virar admiradora"
 
Dispensável dizer que Callas ganhou uma fã ardorosa. “Não dá para conhecer e não virar admiradora”, alega Sílvia. E ela não se refere só ao lado profissional. Motivo pelo qual, mais do que elogios à sua atuação, o que mais deixa a atriz feliz, ao fim do espetáculo, é ouvir de algum espectador, elogios ao texto apresentado acoplados ao interesse em se aprofundar nos meandros de uma vida que não se esforça muito para receber a tarja de “trágica”. “Quando dizem: ‘puxa que história incrível, vou chegar em casa e vou estudar mais, comprar o livro...’ Esse é o grande barato do espetáculo”.

Mesmo porque, frisa ela, a peça seria um “documentário vivo”. “Temos muitas interferências, projeções de vídeos, fotos e dizeres, tanto da Callas quanto de críticos, coisas que a imprensa falou sobre ela. E quando me refiro a uma determinada ária, aparecem minutos da Callas cantando-a. Quando falo de Renata Tebaldi ou de Di Stefano, idem. E existem os figurinos. Há cópias no palco, em manequins, que visto durante a peça. Então, é um espetáculo muito rico. Acho que quem conhece o universo dela vai gostar. E quem não conhece, vai ficar sabendo. A Marília foi de uma habilidade, uma inteligência enorme... Tudo se passa em menos de uma hora. O espetáculo é ágil, intenso, movimentado, dinâmico... Mas rápido”.

Antes de encerrar, ela faz questão de distribuir elogios aos colegas de empreitada. “Tenho muito a agradecer ao Cássio Reis, um parceiro. Generoso, genuíno, simples, carinhoso, alto astral. Na hora do nervoso, do ‘não vou conseguir’, me dizia: ‘Calma! Vamos lá, claro que vai (conseguir)... Foi de uma energia muito boa. No meu nervoso, precisava dele”. Ela “entrega”: “É um ator que se emociona em todos os espetáculos. A vida da Maria Callas foi uma vida de dramas e tragédias, e ele se deixa levar por aquilo tudo. Brinco que é um novo velho amigo”.

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