Sayonara Night Club serve de palco para o espetáculo catarinense 'Kassandra'

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
23/05/2016 às 18:05.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:34
 (Cristiano Machado/Divulgação)

(Cristiano Machado/Divulgação)

Assistir a um espetáculo de teatro em um espaço não convencional já é interessante. Mais instigante ainda se ele acontecer em uma das casas de entretenimento adulto mais conhecidas da cidade. “Kassandra”, site-specific (espetáculo que interage com o lugar onde está sendo encenado) que faz parte da programação do Festival Internacional de Teatro Palco & Rua (FIT-BH), terá três sessões na Sayonara Night Club, de hoje a quinta, e foi uma das atrações mais procuradas do evento – os ingressos estão esgotados.

Realizado pela La Vaca Cia de Artes Cênicas, de Florianópolis, o espetáculo traz a história de uma performer transexual que se apresenta como Kassandra. Falado em um inglês cheio de sotaque e limitações, o texto é assinado por Sergio Blanco, dramaturgo franco uruguaio. “Ele escreveu em um inglês tosco, de imigrante, em referência às várias meninas que vão à Europa atrás de uma vida melhor”, conta Milena Moraes, a intérprete de Kassandra no Brasil – há versões desse texto em vários países, como Itália, França, Grécia e Uruguai.

Para a montagem, o autor tem duas exigências: que as apresentações aconteçam sempre em lugares não convencionais e que o texto, em inglês, seja mantido.

Uruguai

A versão brasileira de “Kassandra” nasceu em 2011, depois que Milena soube da estreia do espetáculo em Montevidéu. Como a La Vaca já tinha parceria com diretores e dramaturgos do país vizinho – tanto que trouxeram também para o FIT a peça “UZ”, do uruguaio Gabriel Calderón, apresentada no fim de semana passado –, em apenas um dia a companhia conseguiu acertar os direitos autorais com Blanco.

Inscreveram o projeto em edital da Funarte e, em 2012, foram contemplados com o Prêmio Myriam Muniz. “De lá para cá, o espetáculo vem se ressignificando. Assim como Kassandra sofreu ao ver a destruição de Troia, a personagem sofre com os refugiados sírios e outras situações contemporâneas”, diz Milena.

Mistério

O espaço é muito importante para a realização do espetáculo, de acordo com o diretor Renato Turnes, pois oferece uma nova perspectiva moral e social. “Há uma exploração espacial interessante, porque usamos as características do lugar onde acontece a apresentação. É sempre um desafio para a Milena”, diz o diretor.

O fato de sempre escolherem casas noturnas famosas das cidades permite que a divulgação de “Kassandra” seja sempre intensa. Afinal, há um certo ar de mistério em torno desses lugares, que só está no imaginário de muitos – especialmente as mulheres. “Há um fascínio pelo espaço por conta da liberdade de poder frequentá-lo naquele momento”.

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