Sepultura em Quadra: novo disco faz banda alcançar outro patamar musical

Thiago Prata
@ThiagoPrata7
20/03/2020 às 17:58.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:02
 (Marcos Hermes/Sepultura/Divulgação)

(Marcos Hermes/Sepultura/Divulgação)

Se você é daqueles que sempre “martelam” que a fase Max Cavalera é imbatível e que nada que o Sepultura fez depois chega aos pés de discos como “Beneath the Remains” (1989), “Arise” (1991) e “Chaos A.D.” (1993) – álbuns clássicos e fundamentais para a história do heavy metal brasileiro –, você tem, pelo menos, duas opções. A primeira: dar a si mesmo o direito de ouvir um dos melhores lançamentos do primeiro semestre deste ano e que faz jus à grandeza da trajetória da banda, mesmo que isso não mude sua concepção com relação às fases do grupo – até porque gosto é gosto.

A outra alternativa é parar de ler essa resenha aqui mesmo, uma vez que ela exalta o fato de que o quarteto formado por Derrick Green (vocais), Andreas Kisser (guitarra), Paulo Xisto (baixo) e Eloy Casagrande (bateria) conseguiu confeccionar seu álbum mais versátil – pelo menos no que diz respeito à quantidade de elementos que tão bem combinaram ao som do conjunto –, capaz de rivalizar com muito material da Era Cavalera.

 “Quadra” é o terceiro trabalho do Sepultura tendo Eloy Casagrande como baterista, formação esta iniciada em “The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart” (2013) e que alcançou um outro patamar com “Machine Messiah” (2017). O conceito por trás do mais recente álbum nasceu da numerologia (e também no livro ‘The Quadrivium”, de John North) e abre um leque de situações relacionadas a aspectos sociais e culturais: “quadra” indica um terreno, delimitado por linhas, físicas ou imaginárias, nas quais a humanidade cria suas próprias noções de etnias, religião, política etc.Reprodução capa

Musicalmente falando, “Quadra” funciona quase como um “best of” da Era Derrick Green nos vocais (iniciada em 1997 e que teve “Against”, de 1998, como primeiro full-length). O álbum não apenas é uma evolução natural de “Machine Messiah” como também representa o auge criativo de um time cada vez mais sólido, entrosado e ávido a misturar sonoridades sem perder sua identidade.Marcos Hermes/Sepultura/Divulgação

Por mais que alguns elementos revisitem o passado thrash e aquela veia ‘tribal’ de “Chaos A.D.”, “Quadra” mostra ter vida própria, sabendo dosar todos os seus ingredientes, que vão desde a potência dos riffs de Andreas e da bateria de Casagrande (um dos melhores bateras da atualidade), passando por flertes com a música nordestina e o uso de corais e tonalidades da música clássica até a adição de violão clássico e a versatilidade de Derrick nos vocais.

A verdade é que a banda sempre gostou de inovar e ousar, sem se prender a rótulos e disposta a dar novos passos. E isso vem desde os primórdios. Exemplo: “Morbid Visions” (1986), “Arise” (1991) e “Roots” (1996) possuem muitas diferenças entre si, mas não deixam de ser autênticos discos do Sepultura. E “Quadra” representa mais um estágio nessa linha evolutiva.

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