(Estúdio de Imagem Buena Onda/Divulgação)
“Cada vez que repensam os sua obra, ele vive”, comenta o diretor artístico e professor da Universidade de Londres Paul Heritage, que assina a curadoria do Fórum Shakespeare. O evento inicia amanhã em Belo Horizonte e convida o público para um mergulho de dez dias na obra de um dos maiores dramaturgos do mundo, Willian Shakespeare (1564-1616).
Para resgatar o legado do Bardo no ano que completa quatro séculos de sua morte, o Fórum apresenta o espetáculo “O Mercador de Veneza”, uma das obras mais polêmicas do autor, que fala sobre o choque entre culturas.
A montagem – primeira ação do Fórum em BH – começou a ser desenvolvida em março deste ano, com a seleção do elenco. Foram analisados mais de mil currículos. “Muitos não tinham feito uma obra de Shakespeare, mas trouxeram para a sala de ensaio um componente corporal muito rico”, avalia Heritage. Em cena são nove atores, entre mineiros, baianos e paulistas. Nomes conhecidos da cena local, como Beto Militani, do grupo Giramundo, e a atriz Regina Souza, da Cia. Burlantins, estão no elenco, comandados pela inglesa Catherine Paskell, diretora teatral do National Theatre Wales, que acompanhou as audições pelo Skype.Estúdio de Imagem Buena Onda/DivulgaçãoAlém do palco – O Fórum ainda traz a oficina “O Teatro de Shakespeare como um Ato Político”, ministrada pela diretora Catherine Paskel, e o debate “Shakespeare 400: Todo o Mundo É um Palco”, com o tema “Amor, Sem Qualitativos”
A palavra em cena
Um dos objetivos do espetáculo é aproximar ator, texto e público. “Queremos quebrar barreiras que existem em torno do texto de Shakespeare. Mostramos que ele é acessível e simples, sem modificar sua obra”, afiança Heritage. “Precisamos entender o poder das palavras, pois quando elas enfraquecem, a violência prevalece”.
No palco, elementos da cultura mineira e brasileira se misturam para contar a história de um mercador de Veneza e um judeu que processa esse mercador por causa de uma dívida. “A lei serve para quem e a quem? São questões dúbias que dialogam muito com o momento que vivemos no Brasil”, afirma a atriz mineira Mariana Maioline, que assina a co-direção do espetáculo.
O cenário trabalha em cima de símbolos como oratórios e caixas. Nada é figurativo, e sim usual. “Tudo foi ressignificado. Assim como as canções construídas para o espetáculo”, comenta Maioline. Tudo foi feito de forma colaborativa. “Ninguém tinha trabalhado junto antes. E a diretora conseguiu criar uma relação muito próxima entre nós. Em dois dias já éramos um grupo”.
“O Mercador de Veneza” – Fórum Shakespeare. CCBB (Praça da Liberdade, 450). De 12 a 21/5 (exceto 17/5), às 19h. Gratuito