Shows são recompensa para financiamento coletivo de artistas

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
18/04/2016 às 17:43.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:00
 (Rafael Sandim/Divulgação)

(Rafael Sandim/Divulgação)

Um dos motivos do aumento no número de shows intimistas e domésticos é a popularização do financiamento coletivo – ou crowdfunding. Muitos artistas colocam apresentações acústicas como recompensas para contribuições mais altas e há quem tope pagar por isso.

A banda Todos os Caetanos do Mundo viveu isso durante sua campanha de financiamento do álbum “Pega a Música e Engole”, lançado no ano passado. Uma fã pagou uma boa quantia e o quarteto respondeu com um show realizado na sala de estar do apartamento dela.

“Foi um show completamente acústico e incrível, tanto que passamos a pensar nesse formato para acontecer em outras ocasiões”, afirma a vocalista Júlia Branco. “O interessante é que, por não ter microfone, acabamos usando mais outros recursos para que a música seja melhor compreendida. Acabei usando mais o corpo”, diz.

Como era aniversário da anfitriã e não uma reunião de fãs, boa parte do público não conhecia as músicas. “O pessoal fica sentado no chão, prestando a atenção. É uma aproximação muito forte”.

Contatos

Um grande defensor do show intimista é o cantor e compositor Gustavito. Para ele, esse tipo de apresentação permite que a música fique em primeiro lugar e que o público esteja realmente atento ao que está ouvindo – diferentemente do que acontece muitas vezes em bares e casas noturnas.

“Dias atrás, estive em Salvador e fui convidado para participar de um show na casa de um amigo, onde estavam umas 20 pessoas. Acabei fazendo uma canja e toquei três músicas. Foi ótimo porque vendi vários discos e fiz bons contatos”, conta o artista.

Ele é um dos integrantes do coletivo Casa Azul, que está fazendo uma residência no Efêmera Casa de Artes, aconchegante espaço cultural do bairro Santa Tereza que está aberto a shows autorais e intimistas. “Cada vez mais é comum ver espaços que buscam esse formato de evento, em que a música é o foco principal. Tem lugares em que bar pára de funcionar no momento em que o músico começa a tocar e retoma no intervalo”, diz Gustavito.

 Experiências

A banda mineira Lollipop Chinatown sempre buscou escolhas diferentes e experimentais para locais de apresentação. O primeiro show aconteceu em um corredor do edifício Maletta, enquanto o segundo foi no banheiro de uma casa em demolição. Agora, o grupo promove “A Turnê Universal na Casa dos Amigos”, um projeto bimestral a ser realizado em casas e apartamentos.

A segunda edição acontece no próximo sábado na casa Canteiro (uma produtora cultural localizada em Santa Tereza). “Mas não é fácil fazer um show como este, porque temos que levar todo o equipamento para o lugar e tem que ser um equipamento adequado ao que queremos”, conta a vocalista Pâmilla Vilas Boas, acrescentando que esse tipo de projeto atrai pessoas que gostam de música, mas não de casas noturnas. Interessados podem mandar e-mail para: lollipop@canteiro.org.

Passando o chapéu

Há dois anos, a banda instrumental Constantina fez uma série de shows intimistas para levantar recursos para bancar parte dos recursos de uma turnê pela Europa. Com “Constantina na sua Sala”, fãs puderam convidar os músicos para tocar em suas casas e, a cada apresentação, o “chapéu” foi passado. Cada pessoa presente pôde contribuir com o que quisesse. Foram dez shows no total – em que o financiamento coletivo foi feito da maneira antiga, sem sites e cartões de crédito – e a banda alcançou o seu objetivo.

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