Sinatra ainda vive nos 100 anos de nascimento do 'The Voice'

AFP
11/12/2015 às 12:22.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:17
 (AFP PHOTO / FREDERIC J. BROWN)

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HOBOKEN, Estados Unidos,  - Mais de 17 anos após sua morte e com a comemoração neste sábado (12) do centenário de seu nascimento, Frank Sinatra e seu legado musical continuam a ocupar um lugar único na cultura americana e mundial.

Os eventos se multiplicam nos últimos dias para prestar homenagem ao verdadeiro "The Voice", como era conhecido em vida, sinal que a Sinatramania não perdeu seu vigor.

Um grande concerto em Las Vegas, incluindo Tony Bennett e Lady Gaga, outro no Lincoln Center, em Nova York, festas temáticas e a colocação de uma placa comemorativa em sua cidade natal de Hoboken, New Jersey: Francis Albert Sinatra está em toda parte.

Um box especial de quatro CDs, incluindo antigas gravações de rádio, foi lançado no final de novembro e pelo menos dez livros sobre Sinatra foram publicados este ano, explorando o mito deste personagem adorado de lado obscuro.

Para muitos, a persistência de Sinatra no cenário musical americano deve-se, certamente, à densidade de seu trabalho, mas também a falta de um sucessor.

"Há apenas um Frank", afirma Sid Mark, apresentador do programa de rádio "Sounds of Sinatra", que emite há 59 anos apenas músicas de Sinatra.

O interesse dos ouvintes, contemporâneos de Sinatra ou não, ainda é "muito forte", diz o apresentador de rádio de 82 anos, que às vezes oferece maratonas de um fim de semana inteiro sem emitir o mesmo título duas vezes.

Frank Sinatra seguiu o caminho traçado por um outro ícone americano, Bing Crosby, fazendo carreira no cinema ao mesmo tempo em que conquistava um público fiel graças a sua capacidade de estabelecer um laço forte com o público.

Mas "Ol' Blue Eyes", um outro de seus muitos sobrenomes, "tinha algo que Crosby não tinha: sex-appeal", considera Sid Mark.
"Quando Frank subia no palco", insiste, "transmitia eletricidade. Isso era sentido até mesmo nas gravações".

Swing e genialidade

Frank Sinatra foi um dos primeiros cantores a dar especial importância ao marketing, ao ponto de capitalizar sua imagem de ítalo-americano de origem humilde, enquanto cuidava de sua aparência, sempre impecável.

Mas estes artifícios eram apenas um complemento para as qualidades musicais de Frank Sinatra, universalmente reconhecido, embora nunca tenha recebido formação tradicional e nascido com um tímpano perfurado.

Meticuloso, exigente ao extremo, o homem não escreveu nenhuma das músicas que o tornaram famoso, mas trabalhiou duro para dar uma interpretação inimitável a cada uma delas.

Frequentemente associado com "big bands" no início de sua carreira, evoluiu para os grandes musicais e jazz.

"Foi um dos maiores músicos de jazz que já viveu", considera David Finck, um baixista de jazz que trabalhou com estrelas do pop como Rod Stewart e George Michael, e que escreveu sobre Sinatra.

"Ele provavelmente nunca disse que era um músico de jazz, mas o cara tinha mais swing que muitos saxofonistas que eu conheço", insiste.

Ele tinha genialidade, afirma, em seu entendimento do ritmo e da sua maneira de destacar musicalmente as palavras de suas canções, pressionando as consoantes e enfatizando certas palavras com a intuição.

Sábado, o ápice das comemorações do centenário de Frank Sinatra será em Hoboken, sua cidade natal.

O cantor com a voz de ouro sempre manteve uma relação complexa com esta antiga cidade industrial às margens do Hudson, em frente à ilha de Manhattan.
Ele trouxe o presidente Ronald Reagan em 1984, mas sobre o resto, nunca investiu, financeiramente e humanamente, o que lhe valeu uma reputação mista em Hoboken.

A escolha da prefeitura de renomear uma das suas ruas Frank Sinatra Drive, em 1979, desencadeou uma controvérsia, lembra Robert Foster, diretor do Museu Histórico de Hoboken, que atualmente abriga uma exposição do cantor.

"As pessoas diziam, mas o que ele fez por Hoboken?", explica.

Hoje, no entanto, os visitantes que visitam a exposição não se preocupam com essa polêmica, admite Robert Foster.

"A alegria invade as pessoas quando ouvem sua música", diz ele, "e isso é tudo de que eles precisam", conclui.

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