Sociedade civil é convidada a debater os rumos do Circuito Cultural Praça da Liberdade

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
25/08/2015 às 06:54.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:29
 (Marcelo Prates)

(Marcelo Prates)

Hora de abrir espaço para opiniões, críticas, questionamentos e sugestões sobre os rumos do Circuito Cultural Praça da Liberdade. Gestor do programa, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) resolveu promover o diálogo com a sociedade civil sobre o tema e o primeiro passo foi dado nesta segunda-feira (24), com o seminário “Circuitos Culturais e as Cidades” – que prossegue nesta terça-feira (25), na Biblioteca Pública Luiz de Bessa.   De acordo com a presidente do Iepha, Michele Arroyo, a ideia é ter um fórum permanente de acompanhamento e discussão sobre a iniciativa, implantada na gestão anterior. Além do seminário, encontros devem ser realizados trimestralmente para debater assuntos levantados pela sociedade civil por meio de emails. “Tem várias coisas para discutir, pensar e propor. Nesse novo modelo de gestão, não podemos pensar o circuito cultural fechado nele mesmo, precisamos de diálogos com gestores, órgãos de política pública e coletivos de cultura”, diz Michele.   Para o secretário de Estado de Cultura, Angelo Oswaldo, não é possível pensar no circuito como apenas um agrupamento de edifícios. “Reunimos pessoas de vários setores de cultura e educação para poder ter uma noção mais clara do que é o Circuito Praça da Liberdade, nesse momento em que o programa passa por transformações e visa consolidar seus equipamentos”.   Realidades   Nesta segunda-feira pela manhã, o seminário teve início de uma maneira formal, com fundamentos para os debates que se seguiram em torno de quatro eixos principais: educação, urbanismo e turismo, diversidade & inclusão e comunicação & cultura. Na primeira mesa expositiva, gestores apresentaram as realidades dos equipamentos – públicos e privados – que fazem parte do Circuito.   Foram colocados dados sobre visitação e as propostas ideológicas e educativas de cada local, além de informações sobre o futuro. Talvez a exposição mais marcante tenha sido de Ana Flávia Machado, diretora técnica-científico do Espaço do Conhecimento da UFMG. Ela deixou claro que o equipamento, um dos mais visitados do circuito, demanda uma solução financeira para sua sobrevivência. Como a UFMG sofre com o ajuste fiscal do Governo federal, estaria complicado manter seus centros culturais.   Novas propostas para a escola   Importância de maior interação entre áreas de educação e cultura foi frisada   Um dos recortes abordados nesta segunda-feira no seminário foi a relação entre educação e patrimônio cultural, como formar cidadãos atentos à temática. Entre os participantes, estava Miguel Arroyo, professor emérito da Faculdade de Educação da UFMG e defensor de uma educação que trabalhe a ideia de patrimônio de maneira mais ampla. “A educação não deve não só ensinar a ler, escrever e contar, mas entender que todos têm direito à formação plena, algo que está na Constituição”, diz Arroyo. “É importante trabalhar meios para que crianças e jovens possam se apropriar da cidade, dos monumentos da cidade, da história, da cultura, dos serviços públicos”.   Para o educador, isso não passa apenas por passeios a equipamentos culturais. Mais do que mostrar aos estudantes que é preciso valorizar o patrimônio público, é fundamental olhá-los como protagonistas na dinâmica cultural. A escola e os equipamentos devem saber ouvir os estudantes, que chegam ao ensino com valores, identidades, representações, saberes e vivências.   “A cultura pode reeducar a escola, mas em que sentido? A cultura é menos rígida que a educação, é muito mais plural, dinâmica. É mais leve do que o conhecimento, sobretudo o conhecimento científico, a gramática, as grades. Mas a cultura não cabe em grades. Esse diálogo entre cultura e educação é necessário e urgente, mas é tenso”.   Exemplo   Andreia De Bernardi, coordenadora do projeto “Vamos ao Museu?”, levou um exemplo à mesa. Na última edição, alunos da Escola Municipal Harold Jones, do bairro José de Almeida, Nova Lima, foram ao CCBB BH ver a exposição “Kandinsky – Tudo Começa num Ponto”.   Depois, foram convidadas a produzir criações abstratas em colagens e aquarelas. “Os alunos poderão ver os seus próprios trabalhos expostos”, diz Andreia, contando que a exposição acontecerá mês que vem, em um local próximo à instituição de ensino.   Quem quiser contribuir para o debate sobre o Circuito pode entrar em contato por meio do email comunicacao@iepha.mg.gov.br

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