Som feito em Minas ganha cada vez mais fãs no Japão

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
27/02/2015 às 07:34.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:10
 (Samuel Costa / Hoje em Dia)

(Samuel Costa / Hoje em Dia)

Os japoneses não cultuam apenas nomes da MPB já consagrados, como Milton Nascimento e Toninho Horta. A Terra do Sol Nascente também está aberta a conhecer e apreciar a nova música feita em Minas.

Jennifer Souza está no rol de artistas mineiros que lançaram recentemente trabalhos do outro lado do mundo. Também integrante da banda Transmissor, ela viu o primeiro álbum, “Impossível Breve”, ganhar uma versão japonesa – com direitos a ideogramas inelegíveis para brasileiros no encarte – e destaque na imprensa especializada, como as revistas “Latina” e “Billboard” do Japão.

“Desde 2013, estou em contato com o francês Olivier Durand, que tem um selo chamado Novo Mundo. Por meio dele, um produtor japonês se interessou em lançar meu disco no Japão, e, por conta de uma estratégia, decidimos adiar o lançamento na Europa e focar primeiro na Ásia”, explica Jennifer. A viagem para o Velho Continente, no meio do ano, está certa, com passagem pelo menos pela Holanda, Portugal e França.

Convite

Rafael Dutra também acaba de colocar o debute fonográfico, “Oásis de Vidro”, no mercado japonês.

O contato dele com o Oriente veio de maneira bastante surpreendente. “Quando fiz o lançamento do meu disco, em setembro de 2014, um japonês chamado Yusuke Erikawa me adicionou no Facebook. Em poucos dias, me enviou uma atenciosa mensagem inbox em inglês, dizendo que, se fosse de meu interesse, gostaria de distribui-lo no Japão pela empresa que tem, a Disk Union. Claro que adorei a proposta. Topei na hora”, afirma.

Segundo ele, é animador e instigante ter um trabalho lançado em um país tão distante.

“Chega a ser quase surreal imaginar que neste momento pode ter um japonês escutando meu disco em casa, e na versão física, ainda por cima. É o tipo de coisa que dá um gás na carreira, que nos faz acreditar mais no potencial da nossa arte”.

Dutra recebeu bom feedback da gravadora japonesa e já faz planos para distribuir o disco em países da Europa, África e América do Sul. “Acho fundamental criar essas pontes, diluir as barreiras geográficas”.

Sensibilidade, tranquilidade e perspectivas sobre a natureza

À frente do selo NRT há 11 anos, Yoshihiro Narita é um dos produtores que mais coloca discos mineiros nas prateleiras das lojas japonesas. Por intermédio dele, foram lançados álbuns de Renato Motha & Patricia Lobato, Antonio Loureiro, Alexandre Andrés e Affonsinho.

Segundo Narita, os compatriotas não deixam de se interessar pelo trabalho artístico desenvolvido em Minas.

“Costumo dizer que há muito em comum entre mineiros e japoneses: sensibilidade, tranquilidade e perspectiva sobre a natureza, embora sejam características que os japoneses têm perdido ano após ano”, afirma.

A paixão do produtor pela música brasileira nasceu justamente a partir de um álbum mineiro, “Clube da Esquina”.

“Fiquei impressionado e comovido com o disco. Há 20 anos, era um álbum clássico nos meus círculos de amizade. Os LPs brasileiros eram muito populares na minha geração”.

Cara a cara

Affonsinho nunca tocou na Japão, mas tem ótimas histórias de fãs japoneses. Há pouco mais de dez anos, recebeu a visita da japonesa Naoko Inagawa, para quem ele fez um show especial.

“Os japoneses são muito carinhosos e atenciosos, sabem tudo de música brasileira. Segundo a Naoko, gostam muito de música suave, diferentemente da Europa, onde o samba e o batuque são mais populares”, diz o artista, que lançou quatro álbuns no Japão.

Moradora de Osaka, Naoko tem hoje 42 anos. Ela lembra com carinho das viagens feitas em 2004 e 2005 para Belo Horizonte, onde se encontrou com alguns dos ídolos – além de Affonsinho, teve contato com Toninho Horta, Lincoln Cheib, Renato Motha e Patricia Lobato.

“Conhecer e conversar com esses músicos foi fantástico. No Japão, não é comum ou é quase impossível falar pessoalmente com os ídolos”, diz.

Ela se apaixonou pela música brasileira em 2000, após descobrir uma banda chamada Minaswing, que tinha um repertório cheio de canções de Milton Nascimento e companhia.
 

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