'Star Trek' completa 50 anos 'indo aonde nenhum homem jamais esteve'

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
31/07/2016 às 21:33.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:05
 (WESLEY RODRIGUES)

(WESLEY RODRIGUES)

“Estas são as viagens da nave estelar Enterprise, em sua missão de cinco anos para a exploração de novos mundos, para pesquisar novas vidas, novas civilizações, audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve!”. Há 50 anos, esse texto de abertura, que todo fã que se preze deve saber de cor, deu origem a uma das mais importantes franquias de ficção científica.

O aniversário de “Star Trek” é em setembro (mais precisamente no dia 8, quando foi ao ar, na rede CBS, o primeiro episódio da série clássica), mas as comemorações já começaram. No final de semana, aconteceram as primeiras exibições do novo longa, “Star Trek – Sem Fronteiras”, em São Paulo e Rio de Janeiro, antecedidas por uma grande convenção no MIS, na capital paulista.

Como capitã da Federação de Planetas do Quadrante Delta, fã-clube sediado em Belo Horizonte, Eva Cosmaker também está em contagem regressiva. À frente de um grupo de mais de 100 membros, ela deve muito de sua formação emocional à saga criada por Gene Roddenberry. “Boa parte de minha personalidade, dos conceitos morais, eu tirei de ‘Star Trek’”, afirma.

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Hoje com 52 anos, ela é uma apaixonada pela série e seus derivados (seis séries e mais uma a caminho, “Discovery”, além de 13 filmes). “Já vi todos os episódios e nunca vi um mau exemplo. Tudo é feito em prol de um bem maior, dentro dos conceitos de honra e lealdade. A relação de Spock e Kirk ultrapassa o nível da amizade. Eles não pensam duas vezes em se sacrificar um pelo outro”.

Um dos objetivos do fã-clube é justamente difundir a filosofia de respeito da franquia, por meio do compartilhamento de informações, dos encontros e do exemplo pessoal. “Funciona como se fosse uma nave, com todos tendo que cumprir missões para alcançar patentes. Nosso uniforme é baseado na série ‘Voyager’, até porque é a única que tem uma mulher no comando”, observa Eva.

UTOPIA

Em Belo Horizonte, outro fã é o pediatra Edmark Ciminelli. “Desde pequeno curtia ficar olhando para o espaço e a série mostrava o que seria esse mundo lá fora. Uma realidade alternativa, utópica, em que não há doença, preconceito e as guerras são resolvidas na diplomacia”, registra Edmark, que confeccionou um uniforme parecido com o da dra. Crusher, de “A Nova Geração”.

Mas foi de outro médico que ele absorveu seu temperamento – o McCoy da série original. “Sou escrachado como ele. As pessoas gostam ou odeiam, principalmente as mães”, diverte-se o pediatra de 35 anos, que tem em “Enterprise” a série favorita. “A que menos gosto é a clássica por causa de ‘defeitos’ especiais, com uma imagem diferente do padrão”, compara.

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ENTREVISTA / ROOSEVELT GARCIA
Pesquisador e fã de "Star Trek"

Como é sua relação com a franquia? Você curte a série e os filmes ou é um daqueles que se fantasiam, colecionam objetos e estuda a língua klingon? Fale um pouco de seu envolvimento com ST.
Eu sou um pesquisador da história da TV, e considero os anos 60 como a era de ouro da televisão mundial. Quando Jornada foi lançada eu ainda era muito criança, só fui assistir nos anos 70. Me lembro que assistia com meu pai, num dia de semana à noite, acho que era na Tupi. A gente gostava de ver a série juntos, e outras também. Sempre fui muito fã de ficção científica, e Jornada é um prato cheio pra mim. Quando o primeiro filme foi pro cinema, em 79, eu fui ver! Tinha uns 16 anos. Acompanhei a série toda na Bandeirantes, no início dos anos 80, que foi a última vez que ela foi pro ar com a dublagem original. Quando ela foi redublada nos anos 90, senti como se estivessem pintando uma paisagem em cima da Mona Lisa. A dublagem nova fez a série perder um pouco da sua magia, na minha opinião. Tanto que, sempre que eu queria rever, eu recorria às minhas velhas fitas VHS que eu tinha gravado do início dos anos 80, com a dublagem original.

São 50 anos de uma franquia que se desenvolveu em várias séries e filmes. A que você atribui essa longevidade?
Jornada nas Estrelas se diferencia das outras séries, não só pela mensagem utópica de um futuro melhor pra humanidade, ou pela abordagem de temas polêmicos disfarçados em ficção científica. Outras séries da mesma época também estão completando 50 anos, e também são muito lembradas. A razão de Jornada estar tão em evidência até hoje, é uma só: os fãs. Fãs de Jornada nas Estrelas são diferentes dos fãs de qualquer outra série, ou mesmo de outros temas. Os fãs participam de convenções, mantêm dados sobre as séries, gostam de trocar conhecimentos com outros fãs e fazem questão acreditar que um dia a humanidade vai deixar de lado as suas diferenças e focar no seu aprimoramento, exatamente como é a filosofia da série.

Quais são os seus programas/filmes favoritos? Por que?
Sou muito eclético, não me apego apenas a alguns gêneros de filmes e séries. Mas, invariavelmente, os que mais gosto têm uma pitada de ficção científica, mesmo que esse não seja o tema principal do filme/série. Como eu disse, os anos 60 são minha época preferida da televisão, porque a limitação técnica das produções era compensada por roteiros de excelente qualidade. Minha série preferida entre todas é dessa época: Além da Imaginação (Twilight Zone), que mescla ficção científica, ação, aventura, suspense, e até comédia. Jornada nas Estrelas está alí, na cola....rs

Como você vê esse reboot capitaneado por J. J. Abrams?
Os filmes do JJ não são ruins.... Apenas fugiram um pouco do que tornou Jornada nas Estrelas tão cultuada por tanto tempo. São filmes onde a ação fala mais forte, e todo fã sabe que Jornada nas Estrelas é mais "cerebral" do que "pancadaria". Os filmes servem a uma nova geração de fãs, que certamente não ficariam muito animados em ver a série original ou os primeiros filmes. São públicos diferentes. Os fãs mais puristas abominam os novos filmes... Eu acho uma boa diversão, só não é "Jornada nas Estrelas" pura!

Qual é o melhor filme de todos já realizados? Por que?
Com relação aos filmes de Jornada nas Estrelas no cinema, até agora foram 6 com a tripulação clássica, 4 com a tripulação da Nova Geração, e 3 do universo Kelvin, que é como é chamada a realidade paralela criada nos filmes do JJ. Todos têm seus méritos, apenas acho o filme 5 da tripulação clássica muito fraco, sem sentido e mal escrito. Dentre todos esses, o meu preferido é um que pouca gente gosta, o primeiro filme, o de 1979, chamado simplesmente de "Jornada nas Estrelas - O Filme". Talvez a emoção de ver a Enterprise no cinema pela primeira vez tenha feito uma marca na minha mente, que não se apagou.

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