Super-8 é tema de dicionário de Antonio Leão Neto

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
26/06/2017 às 19:54.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:16
 (Leo Lara/Universo Produção/divulgação)

(Leo Lara/Universo Produção/divulgação)

OURO PRETO – O Super-8 está de volta. Na verdade, a bitola, muito popular na década de 70, nunca saiu de cena, embora tivessem divulgado o “enterro” dela no meio dos anos 80, quando outros formatos de filmagem, como as câmeras de VHS, passaram a se tornar mais acessíveis. “A molecada está fazendo muito (filme) em Super-8, devido aos vários festivais de tomada única, que começaram na Europa”, explica Antonio Leão Neto, pesquisador homenageado na Mostra de Cinema de Ouro Preto que acaba de lançar o livro “Super-8 no Brasil, um Sonho de Cinema”. Os festivais de tomada única já estão no Brasil, sediados em Curitiba (Curta 8) e São Paulo (Super Of), em que o realizador deve fazer um filme de três minutos “sem tirar o dedo do gatilho”. “O Super-8 foi o nosso celular nos anos 70 e início dos 80. Ele era fácil de carregar e manusear. Um dos maiores realizadores do formato, o Abrão Berman, considerado o pai do Super-8 no Brasil, carregava vários cartuchos numa malinha e filmava muita coisa na rua assim”, observa Antonio Leão. No livro, produzido de forma independente, o pesquisador chegou ao número de 5 mil filmes em Super-8 no país. “O formato teve uma pegada forte no Brasil. Havia dezenas de festivais ao ano e muitos diretores e atores começaram no Super-8, como Fernando Meireles e Maitê Proença”, registra o autor. Apesar de a Kodak ter parado de produzir a película, o Super-8 continuou sendo adotado por vários diretores. “Quando o laboratório interrompeu a produção, havia ainda um estoque muito alto de filme virgem. Hoje ela quer voltar a fazer, assim como a Ferrania, da Itália”, afirma. Para o pesquisador, a importância do livro também está no fato de atestar a existência de alguns trabalhos que hoje são dados por perdidos. “Quem sabe se, com o livro, a gente não os encontre”. Esse tipo de descoberta não é uma raridade na vida do autor.  Foi ele quem descobriu, por exemplo, a única cópia disponível de um dos primeiros longa-metragens do diretor Carlos Reichenbach, chamado “Corrida em Busca do Amor”, de 1971. “Fizemos uma cópia em 16mm para ele, que promoveu uma exibição em São Paulo para a equipe do filme”. A “briga” de Antonio Leão agora é conseguir um espaço na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, para conservação dos filmes. Essas obras, que geralmente ficam na casa de seus realizadores, têm que ser copiadas e preservadas. Por ser menor, felizmente os casos de perda por envinagramento são poucos”.

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