Túlio Mourão registra em livro os bastidores da música brasileira

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
Publicado em 03/02/2020 às 08:41.Atualizado em 27/10/2021 às 02:31.
 (lorena Dini/Divulgação)
(lorena Dini/Divulgação)

Pouco antes de o espetáculo “Tambores de Minas” estrear, em 1997, os músicos que acompanhariam o cantor Milton Nascimento quase fizeram um motim, recusando-se a subir ao palco. O motivo foi o figurino que o diretor Gabriel Vilela pediu para ser confeccionado para a banda de apoio, todos vestidos com terninhos azuis estampados por peixinhos.

“Fazer figurino para os instrumentistas era algo muito raro na época. O (saxofonista) Nivaldo Ornelas achou que não tinha nada a ver e chegou a trocar sopapos (com o diretor). Tive que intervir e mandar todo mundo para o hotel”, registra o músico e compositor Túlio Mourão, que relata o episódio no livro “Alma de Músico”, com lançamento hoje, às 19h30, na sala Juvenal Dias do Palácio das Artes.

Com prefácio de Frei Betto, a publicação da editora Gulliver reúne vários casos autobiográficos de bastidores, no formato de crônicas, que transitam por 50 anos de música brasileira. Além do Bituca, protagonizam o livro nomes como Jon Anderson, Ney Matogrosso, Fagner e Pat Metheny, companheiros de trajetória do pianista mineiro.

Um dos eixos do livro, como não poderia deixar de ser, é a passagem de Mourão pelos Mutantes, após a saída de Rita Lee e Arnaldo Baptista. “Fazíamos shows para quatro, cinco mil pessoas. Não tinha sonorização no Brasil para espaços grandes. No caminhão, além de nossa aparelhagem, tínhamos que botar o equipamento de sonorização para ambientar”, destaca.

Certa vez pediram ao irmão do guitarrista Sérgio Dias, que era engenheiro eletrônico, para fabricar as caixas de som. “Cada uma pesava 200 quilos. Uma monstruosidade! Precisávamos de dez pessoas para carregar. Num dia, a casa estava tão lotada que tinha gente dentro da caixa. Começamos o show com um grave e um carinha foi cuspido de lá dentro. Se fosse hoje, teríamos sofrido uma ação por perdas auditivas”. 

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