Teatro resgistrado como Patrimônio Imaterial de Belo Horizonte anuncia fechamento para outubro

Clarissa Carvalhaes - Hoje em Dia
27/07/2015 às 18:17.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:06
 (Teatro Kleber Junqueira/ Divulgação)

(Teatro Kleber Junqueira/ Divulgação)

Mais uma perda atinge em cheio as artes cênicas em Belo Horizonte. Considerado no ano passado como Patrimônio Imaterial da capital, o Teatro Kleber Junqueira fechará suas portas em breve. Segundo os dirigentes do espaço, há dois anos o lugar não tem apoio da Fundação Municipal de Cultura, a partir de Leis de Incentivo, e há mais de quatro sobrevive de recursos privados.

"Vamos esticar a corda o máximo possível e esse limite é outubro próximo, mesmo porque é o mês das crianças e queremos muito nos despedir desse público que ao longo de uma década foi nossa válvula propulsora", disse Cleber Junqueira Mesquita, fundador e presidente do teatro que funcionou initerruptamente por 11 anos e recebeu mais de 500 mil espectadores.

"É importante destacar que este não é somente um teatro, mas o maior projeto de formação de plateias do estado que durante sua existência recebeu crianças, adolescentes e adultos de BH e de mais 24 cidades da região metropolitana, com o Projeto Teatro Para Todos", completou Mesquita.

A gota d’água

Diretor de Produção Executiva do espaço, Éder Paulo, revela que a recusa da Fundação Municipal de Cultura em apoiar o projeto de Manutenção do Teatro através da Lei Municipal de Incentivo à Cultura nos últimos dias foi a sentença final para a decisão do grupo.

"A cruel ironia é que a mesma Fundação que declarou no dia 22 de outubro de 2014, o teatro como Patrimônio Imaterial da Cidade de Belo Horizonte entende que a sua existência não é prioridade para a nossa cidade", disse Éder para completar que a crise não pode ser usada como justificativa para a Fundação não apoiar o teatro.

"Na última seletiva foram distribuídos pela PBH R$ 4 milhões onde 55 projetos foram contemplados. É uma questão de escolha", lamentou Mesquita. "Não se pode nesse momento sequer falar da ausência de recursos já que outros espaços não tombados e diversas outras ações culturais foram contempladas com recursos públicos do município", completou Éder.

"Nos tornamos alvo de uma ação de política cultural equivocada que leva ao fechamento do teatro. Há mais de dois anos estamos procurando todas as instâncias do poder público para informa-los da situação deficitária em que o teatro se encontra, de que estamos buscando empréstimos para mantê-lo em atividade, e que a nossa capacidade de resistência cultural estava chegando ao fim", garantiu Mesquita.

Instalado no bairro Calafate, região Oeste da capital, é um dos poucos espaços de cultura com capacidade de abrigar espetáculos de grande porte. "Tínhamos uma estética própria, um projeto democrático e um desejo de manter crianças de baixa renda órfãs de cultura. Fomos calados", lamentou o presidente do Teatro.

Fundação

Por meio de assessoria de imprensa, a Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte afirmou ter recebido a notícia com "muito pesar" e lembrou que no ano passado, por meio do Conselho Deliberativo do Patrimônio, registrou o espaço como importante para o patrimônio imaterial da Cidade de Belo Horizonte dado a importância do mesmo para a cidade.

Quanto a reprovação do projeto na Lei Municipal de Incentivo à Cultura nós últimos dois anos, a assessoria afirmou que a Lei Municipal de Incentivo à Cultura Municipal seleciona projetos por meio de edital público.

"Quem analisa essas propostas diferentemente de outras esferas no Brasil é um comissão paritária eleita pelo cidadão de Belo Horizonte. Para que uma proposta seja aprovada ela deve receber pontuação suficiente para aprovação, não tendo a FMC como intervir nesse processo e nas propostas enviadas.
Os critérios estão estabelecidos em edital concorrendo todos os artístas da cidade em pé de igualdade".

Nos dois últimos anos o projeto de manutenção do Teatro Kleber Junqueira não recebeu pontuação suficiente para aprovação e, de acordo com o gestor da Lei Municipal de Incentivo. Murilo Junio em 2015 o projeto foi vetado por unanimidade (o projeto do teatro não ganhou nenhum dos 12 votos concedidos).

O resultado do edital 2014, que foi publicado na última quinta (23), cabe solicitação de parecer e interposição de recurso a qualquer proponente até a próxima quinta (30). Segundo Murilo, o teatro, embora privado é importante para a cidade e a Fundação reconhece isso, "mas os projetos na LMIC são geridos por questões técnicas e na avaliação unânime da comissão, a proposta apresentada não cumpriu os requisitos num universo de mais de 1100 projetos apresentados, ou seja, é importante saber que trata-se de uma concorrência pública."

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