Botando a cara na rua, o Grupo Teatro Público, estreia peça sobre a morte

Elemara Duarte - Hoje em Dia
08/08/2014 às 08:54.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:42
 (Naum Produtora)

(Naum Produtora)

Um mistério circula pelas ruas do bairro Saudade. Para desvendá-lo, o Grupo Teatro Público estará no local a partir deste sábado (9), e até 27 de setembro, sempre aos sábados, às 16h30. A ferramenta para esta descoberta é a peça “Saudade”, que será apresentada no bairro da região Leste, diante de um dos melhores ângulos para admirar o pôr-do-sol em Belo Horizonte.    O cenário natural, melancólico mas belo, é propício à temática mórbida da apresentação, com duração prevista para três horas. O início da itinerância será em frente à portaria principal do Cemitério da Saudade (rua Cametá, 585).    Os atores Diego Poça, Luciana Araújo, Marcelo Alessio, Rafael Bottaro e Rafaela Kênia estão no bairro há seis meses, se inteirando das lendas e histórias da região – e das pistas – para descobrir a história de Zenóbio de Andrade Reis Boaventura, morto que desapareceu nas imediações do Cemitério da Saudade quando era transportado para seu velório.    Zenóbio, chefe da boemia local, era querido por todos. Como é possível desaparecerem com o corpo dele? A família, coitada, sendo privada de fazer as cerimônias fúnebres, até jogar a pá de cal. Durante o semestre em que visitou o bairro, o grupo apresentava e testava trechos da peça. “Neles, o fantasma do Zenóbio andou pelo bairro. Também afixamos cartazes pedindo informações sobre o cadáver, com telefone e e-mail da Bárbara, a viúva fictícia. Ligavam perguntando se era verdade. Depois, acabavam inventando histórias conosco”, lembra Alessio.    Acontece que a história não tem fim, avisa o ator. Mas quem acompanhar o trajeto terá surpresas.     Saudade no alvo   A partir de 2011, quando surgiu, o Teatro Público criou a peça “Naquele Bairro Encantado”, falando sobre o bairro Lagoinha e desdobrado para outras localidades. O intuito de trabalhar com o tema da morte levou a trupe ao Saudade.   Por essas e outras é que Alessio diz que o Saudade “tem potencial” e dá tanta inspiração para a arte. Concorda o funcionário público Alex Lanna, morador do Saudade há pelo menos 20 anos.    Ele tem visto “o pessoal do teatro, passando na rua direto”. “Eles encenam um cortejo. Quem dera se o Saudade virasse uma Veneza, uma Paris, culturalmente falando. Se essas manifestações pudessem ser mostradas com mais frequência nas ruas, seria ótimo”.     Cemitério foi criado para ‘carentes’   A “aura” da morte apareceu muito depois que o cemitério da Saudade foi construído, em 1942, pelo então prefeito de Belo Horizonte Juscelino Kubitschek. O local foi idealizado para sepultamento de mortos de famílias “carentes”, que desejavam “obter um jazigo perpétuo, mas não tinham acesso ao imponente Cemitério do Bonfim”, lembra o site da Prefeitura Municipal.

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