Espetáculo apresenta personagem feminina para discutir transformações

Hoje em Dia*
27/03/2015 às 09:28.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:24
 (João Caldas/Divulgação)

(João Caldas/Divulgação)

Uma mulher simples que é arremessada à vida para descobrir as possibilidades de ver e sentir, a si mesma e o mundo a sua volta”. Essa é, em linhas gerais, a tônica de “Facas nas Galinhas”, que ocupa o Galpão Cine Horto (rua Pitangui, 3.613) nesta sexta-feira (27) e neste sábado (28), às 21h, e domingo, às 19. Em cena, o grupo Barracão Cultural, de São Paulo, que traz, no elenco, uma mineira da gema: Eloísa Elena, que atua sob a batuta de Francisco Medeiros.

O espectador que assentir ao convite vai se deparar com uma pepita: o texto do escocês David Harrower, 49, escrito em 1995 e que já foi montado em 25 países. Inexplicavelmente, permanecia inédito por aqui.

“Estava procurando textos de autores contemporâneos na internet e encontrei esse. Tinha lido várias coisas, mas, quando encontrei este, me apaixonei. O texto trata da mulher em busca de conhecimento”, rememora Eloísa, que, na sequência, entrou em contato com uma atriz portuguesa, que tinha participado de uma das já citadas montagens. “E fizemos uma primeira leitura. Depois, começamos a montagem propriamente dita aqui, no Brasil”.

No geral, Eloísa diz que o texto sofreu poucas alterações. “Cortamos apenas algumas cenas, fomos bastante fiéis ao original. Os nomes, por exemplo, foram modificados, pois entendemos que não eram familiares ao público”, esclarece. Na verdade, somente um nome foi mantido, William, o do marido.

O texto fala sobre as questões da relação com o conhecimento, a libertação por meio dele, e o saber como detonador do poder. “O Moleiro é o homem estranho que vive recluso e é temido pelo vilarejo, e é justamente a consciência e convivência com o alheio que conduz a temática do texto”, prossegue a atriz.

Formada pelo TU (UFMG), Eloísa descobriu sua vocação para as artes cênicas na escola fazendo teatro amador. A belo-horizontina até tinha aventado a hipótese de ser bióloga, mas, na hora do vestibular, mudou de ideia, e acabou cravando um “x” nas artes cênicas.

Depois, foi para São Paulo, onde começou a trabalhar na área e a experimentar outras vertentes, como o teatro de rua. Aliás, o Barracão Cultural aproveita a vinda a BH para mostrar outro título de seu repertório, “A Condessa e o Bandoleiro”, de rua (no Parque Municipal, sábado, às 16h, com entrada franca).

Um fator interessante deste segmento, destaca ela, é o fato de ser o ator a invadir a vida do outro. “Quando o público decide ir ao teatro, ele entra na nossa vida primeiro. Mas quando são os atores a ir para rua, somos nós quem invadimos a vida dos outros. E isso é ótimo!”, jubila-se. Claro, nem tudo sai como planejado. “Às vezes, um cachorro deita no ‘palco’ ou uma criança adentra ele. E nós precisamos dialogar com esses acontecimentos”, diverte-se.

* Colaborou Cássio Leonardo/Especial para o Hoje em Dia
 

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