Glória Menezes chega a BH com "Ensina-me a Viver", em cartaz no Palácio das Artes

Paulo Henrique Silva - Do Hoje em Dia
09/08/2012 às 12:10.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:19
 (Arlindo Lopes/Divulgação)

(Arlindo Lopes/Divulgação)

"Seria maravilhoso fazer Maude aos 80 anos. Mas será que vou chegar lá? Estarei viva? Estarei bem de saúde? Será que vou conseguir decorar o texto?". Perguntas que saltaram na mente de Glória Menezes na década de 1970, após ver o filme "Ensina-me a Viver" (Harold & Maud), de Hal Ashby.

Corta para 2007. A atriz está no fim da temporada de "Ricardo III" quando recebe o telefone da produtora Maria Siman, portadora do esperado convite para estrelar a adaptação teatral. "Foi uma grande coincidência. Teatro é como um bilhete de loteria e, felizmente, tirei a sorte grande", afirma.

Além de concretizar um sonho de mais de quatro décadas, Glória encarnou de vez o papel de Maude. Em cartaz há cinco anos, sempre com casa lotada, a personagem octogenária, que carrega o mesmo encantamento pela vida dos tempos de juventude, é um dos momentos mais marcantes da carreira de mais meio século da atriz.

Sucesso

Não por acaso está retornando às capitais brasileiras para nova turnê. Em Belo Horizonte, poderá ser vista de sexta (10) até domingo (12), no Grande Teatro do Palácio das Artes. "Estou muito contente por estar fazendo sucesso com uma peça há tanto tempo em cartaz. Não é algo que sempre acontece na vida de um ator", registra.

Ela salienta que, se não tivesse feito nada de relevante em 52 anos de profissão, as apresentações de "Ensina-me a Viver" em 27 Centros Educacionais Unificados (CEU), na periferia de São Paulo, já teria compensado. "É um tipo de público que não vai ao teatro com preconceito. Se gostam, a reação é maravilhosa. Isso é o que me motiva a trabalhar ainda hoje". Glória define o sucesso da peça como uma soma de acertos. Sobre a direção e a adaptação de João Falcão, escolhe o termo "inspiradíssimas", ao mencionar a injeção de realismo mágico – característico de seus trabalhos – no texto de Colin Higgins.

Criação

Para confeccionar a sua Maude, Glória não quis rever o filme de Ashby, justificando sua opção no envelhecimento de sua dramaturgia. "A adaptação que o próprio Higgins fez para o teatro melhorou muito o texto", explica. Em 1981, a peça tinha sido montada no Brasil por Domingos Oliveira, com Henriette Morineau e Diogo Vilela nos papéis principais, que Glória não teve a oportunidade de ver porque estava viajando com "Navalha na Carne".
 
Para o personagem que antes pertenceu a Diogo Vilela (e Bud Cort no cinema), foi convidado Arlindo Lopes. Ele interpreta um jovem obcecado com a morte. Sensível, inteligente e rico, Harold convive com uma mãe autoritária e um pai ausente.

É Maude que o enche de afeto e o faz encontrar uma razão de viver. Para Gloria, a expressão que melhor define a personagem é quando ela diz que ninguém é dono de nada. "As coisas ficam e nós vamos embora. Maude afirma que apenas cuida das coisas. É a grande lição que aprendi com ela".

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