Mostra Benjamin de Oliveira busca a valorização da arte feita por negros

Thais Oliveira
taoliveira@hojeemdia.com.br
30/05/2016 às 18:49.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:40
 (Sinara Teles/Divulgação)

(Sinara Teles/Divulgação)

“A arte negra não pode ficar apenas nos guetos”. A afirmação da atriz e cantora Júlia Dias tem o mesmo tom da Mostra Benjamin de Oliveira, da qual ela é uma idealizadoras. Na quarta edição, a ação é da Cia. Burlantins, que completa 20 anos em 2016. Realizado de 1º até 12 de junho, o intuito do projeto é o de difundir e valorizar o trabalho de atores e atrizes negros do Brasil. 

Inicialmente, o projeto, estabelecido por meio do edital Cena Aberta Funarte 2015 – Minas Gerais, aconteceria no prédio da fundação que encontra-se ocupado por agentes culturais há mais de 15 dias. Entretanto, em forma de apoio ao movimento (que considera o novo governo federal ilegítimo e visa dar vazão à cena cultural), a mostra foi mantida e transferida para a sede do Tambor Mineiro. 

“A luta é importante porque ‘a gente não quer só comida; a gente quer comida, diversão e arte’”, parafraseia Júlia. Ela se refere também à polêmica extinção e revogação da extinção do Ministério da Cultura, criticada pelo mencionado manifesto. Para Júlia, agora, é o momento de pensar num Ministério da Cultura que contemple a diversidade artística. “Principalmente a arte negra, que é tão potente, precisa ser valorizada em todos os lugares”.

Para ela, esse ideal é ainda distante da realidade do país, composto por uma população de 54% de negros, mas pouco representada em cima do palco. “Praticamente não existimos na arte cênica”, rebate. Por este motivo, a artista acredita que, além dos movimentos de resistência, festivais como a Mostra Benjamin de Oliveira são ferramentas essenciais para a promoção da arte. 

Programação

A despeito do desfalque nos palcos, Júlia considera que a arte negra está cada vez mais rica. Um indício, para ela, são as 109 inscrições feitas para a mostra, de diferentes viés, e provenientes de 14 estados.

Entre os trabalhos selecionados, três são de BH: “Sarau Atemporal ou A Mulher e as Águas do Tempo”, peça do A-GRUPA: Teatro e Música, que estreará dentro da mostra; “O Grito Do Outro – O Grito Meu!”, da Cia. Espaço Preto; e “A Lenda de Ananse – Um Herói com Rosto Africano”, do Teatro Negro e Atitude. 

Também foram escolhidos a estreante “Mercedes”, do Grupo Emú (Rio de Janeiro); além de “Revolver”, do Coletivo Negro (São Paulo); e “Isto Não É Uma Mulata”, de Mônica Santana e Gameleira Artes Integradas (Salvador). 

A programação contempla ainda uma série de convidados. A curadoria foi de Alexandre de Sena, Aline Vila Real e Marcos Alexandre.

Mostra Benjamin de Oliveira, 1º a 12/6, no Tambor Mineiro (rua Ituiutaba, 339, Prado). Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia), disponíveis uma hora antes das sessões na bilheteria do local. Informações: burlantins.com.br/benjamin

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