"O Lago dos Cisnes" na montagem da Companhia Brasileira de Balé

Miguel Anunciação - Do Hoje em Dia
05/09/2012 às 10:48.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:02
 (CBB/Divulgação)

(CBB/Divulgação)

Um dos maiores clássicos do balé em todos os tempos, curiosamente, "O Lago dos Cisnes" experimentou um lamentável fracasso ao estrear no venerável Teatro Bolshoi, em Moscou, em fevereiro de 1877. Nenhum senão quanto a trilha sonora original, assinada por Tchaikovsky, e ao libreto (a descrição do enredo) de Vladimir Begitchev e Vasily Geltzer, todos eles russos. Causou especial desgosto de público e crítica "a má interpretação da orquestra e dos bailarinos", a coreografia de Marius Petipá, considerado "o pai do balé clássico" e um dos mais respeitados coreógrafos do gênero, e a cenografia daquela montagem.

Uma nova versão desta obra grandiosa, pelo visto, fadada a ser inesgotável – o que faz com que os maiores bailarinos que o bale clássico já contou sempre ansiaram por dançá-la, como um momento máximo nas suas carreiras - chega a Belo Horizonte para apenas duas exibições. Será interpretada desta vez por 46 bailarinos da Cia. Brasileira de Ballet, do Rio de Janeiro, que se apresenta nestas quarta (5) e quinta (6), no Grande Teatro do Sesc Palladium, no Centro. Ambas a partir das 20 horas.

Sob a direção artística de Jorge Teixeira, o diretor da companhia, o espetáculo confere a Belo Horizonte a honra de estrear aqui. Recém-produzido no Rio, traz cenários, figurinos e desenho de luz inéditos, elaborados especialmente pela Pará Produções, Tânia Agra e Bruno Barreto, respectivamente.

Adaptado por Jorge, que mesclou o que Petipá articulou primeiro e pelo que o Ópera, de Paris, e o Royal Dance, americano, modificaram depois, este "O Lago dos Cisnes" acontece na íntegra. Com prólogo, quatro atos, intervalos, que absorvem a atenção do público durante 2h30.

Numeroso, o elenco muito jovem, basicamente entre os 15 e os 26 anos de idade (bailarinos mais maduros, inclusive profissionais do Teatro Municipal carioca, envergam os papéis de personagens mais idosos da trama: Príncipe Siegfried, Odette, a Rainha, Mago Rothbart e a Feiticeira Odile), é formado por gente egressa de diversos estados. Inclusive de Minas Gerais. Vários são talentos recrutados em projetos sociais de formação em dança, no Rio, que encontraram na dança um espaço privilegiado para ascender dignamente.

Criada em 1967, embora também trabalhe a dança contemporânea, a Cia Brasileira de Ballet é um dos raros núcleos de profissionalização da dança clássica no país - condição que o Municipal carioca mantém quase que isolada, como um paradigma de permanência.

Há pouco mais de dez anos, a CBB também tem encontrando apoio nas empresas, que reconhecem seu esforço e sua relevância artística. Através de patrocínio das leis de incentivo vem montando clássicos do balé. Em 2010, trouxe seu "Dom Quixote" ao Palácio das Artes, incluído no programa que recém conduziu-a ao Karmiel Dance Festival, de Israel.

Há dois anos, Jorge Teixeira presta consultoria e ministra aulas na Escola de Dança do Cefar, no Palácio das Artes. Fez amigos, como a professora e produtora Juliana Couto, e plantou algumas (boas) ideias por aqui. Uma delas, prevê a instalação de um outro projeto de promoção social de jovens através da dança, que o CASA - Centro de Artes da Savassi tem recursos aprovados para absorver a partir do ano que vem.


Serviço

O Lago dos Cisnes apresentação da Cia. Quarta-feira (5) e quinta-feitra (6), às 20 horas, no Sesc Palladium (avenida Augusto de Lima, 420, Centro). Ingressos a R$ 50 e R$ 25 (meia-entrada para estudantes e maiores de 60 anos). Informações: (31) 3214-5350. Classificação livre. Duração 2h30 (O espetáculo será dividido em 4 atos, com um intervalo ao final do terceiro ato e outro ao final do quarto ato).

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por