Pó de Nuvens: Rosa e Milton na dança flutuante do Primeiro Ato

Miguel Anunciação - Do Hoje em Dia
04/10/2012 às 09:26.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:47
 (ANDRÉ BRANT)

(ANDRÉ BRANT)

"Num país em que poucas empresas chegam aos 30 anos, fico feliz em manter uma trajetória artística. Com ou sem patrocínio, sempre se reinventando, sempre acreditando no grupo – nada contra os solos e duos, adoro, acho lindos, mas prefiro o coletivo -, que nos obriga a lidar com as diferenças, a exercitar o diálogo, numa época em que o sonho da maioria é ser protagonista", afirma Suely Machado, diretora-artística do Primeiro Ato, que está completando 30 anos.

A 16ª montagem do grupo aniversariante estreia amanhã: "Pó de Nuvens" ocupa o Teatro Sesiminas até o próximo domingo: sexta (5) e sábado (6), às 21 horas, domingo (7), às 20 horas.

Concebido e coreografado por Denise Namura e Michael Bugdahn, o espetáculo pinçou o título numa canção de Milton Nascimento ("Nuvem Cigana") e inspiração no universo aparentemente simples, de fato erudito, inventivo, sofisticado do escritor João Guimarães Rosa, o autor de "Grande Sertão: Veredas".

Desejo mútuo

Após uma série de criações assinadas pelos próprio integrantes do grupo, Denise e Michel constituem "um olhar de fora" ao Primeiro Ato. Um olhar afinado com o tema: embora ele seja alemão, ela brasileira, e radicados em Paris há 33 anos, seriam íntimos da obra de Guimarães Rosa. Culto, sensível, hábil em cinco idiomas, Michel faz questão de ler Rosa em português. Já adaptaram o conto "A Terceira Margem do Rio" para um grupo de dança de Portugal.

O casal tem construído larga carreira: coreografou para companhias brasileiras e internacionais. Em 2011, os dois foram convidados a participar da mostra de dança contemporânea que o Festival de Joinville promove há anos. Mas não puderam: a bagagem ficou retida na alfândega, o que os motivou a oferecer uma conferência em vídeo, como contrapartida.

Parceria

De imediato, Suely Machado (na época, curadora do festival, condição que justificou sua participação no júri do quadro "Dança dos Famosos", do programa do Faustão) teria percebido muitas semelhanças entre o trabalhos dos dois e o do Primeiro Ato - como lidavam como o humor, a dramaturgia do gesto, e como agregavam a poesia, as artes plásticas, a mímica e o teatro. Logo, também, descobriram o desejo mútuo de trabalhar, apesar de não haver dinheiro disponível. O grupo não dispunha de "sequer um real em caixa".

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