"Terças Poéticas" faz homenagem a Michel Foucault

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
11/06/2013 às 07:34.
Atualizado em 20/11/2021 às 19:01

Lucas Guimaraens é o convidado desta terça-feira (11) do "Terças Poéticas", a partir das 18h30, nos jardins internos do Palácio das Artes (avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). A edição homenageia Michel Foucault (1926-1984). Lucas vai tentar entrelaçar seus poemas com conceitos do filósofo francês. "Foucault faz parte dos intelectuais ditos da geração de 68, junto a Gilles Deleuze e Jacques Derrida. Mas me atenho a Foucault, por ser objeto de meus estudos há anos", diz Lucas, que ainda esse ano lança "Michel Foucault et la Dignité Humaine" na França, pela editora L`Harmattan.

Guimaraens lembra que Foucault trabalha, já no final da vida, com conceitos como "A Coragem da Verdade" (em grego, Parrhêsia). "Aqui, pensamos no dizer-verdade em oposição ao dizer-belo. É exatamente aqui que reside o fundamento de uma homenagem a Foucault: a necessidade de a poesia também se preocupar com o dizer-verdade e, a partir daí, transformar aquele que escreve e aquele que lê (dois planos de uma escrita geral)".

Lucas prossegue lembrando que a poesia, no curso dos tempos, pode ser vista como uma arte que tangencia o status quo, ou seja, os valores e costumes ditos "dominantes", como é o caso de poetas como Walt Whitman e Homero.

"Em outro lado, nos casos de poetas como Garcia Lorca, Neruda, Mario de Andrade, Drummond, Ginsberg (e todos da geração beat nos EUA ou da geração Marginal no Brasil) e outros, a poesia tem como papel perenizar e desenvolver o sustento de um povo e de sua identidade através da ruptura de valores e contextos".

Foucault, acredita Guimaraens, foi um dos pensadores que reuniu, em obras e conferências, os anseios destas novas gerações que possuem a necessidade de demonstrar que o mundo nem sempre é belo, mas que é possível amá-lo através da palavra/arte que possibilita a liberdade. E conclui: "Para o filósofo, a obra e a vida, a escrita e a ação serão sempre as duas faces de uma mesma moeda, a condição do ser humano conseguir tomar o caminho do dizer-verdade (parrhêsia), ainda que a beleza da palavra exista. Estes são, em linhas gerais, o motivo e a diretriz de meu fazer poético e, por conseguinte, o motivo e a diretriz de minha homenagem".

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