Thiago Lacerda protagoniza espetáculo "Hamlet", em Belo Horizonte

Miguel Anunciação - Hoje em Dia
19/04/2013 às 10:40.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:57

Não era esta a obra de Shakespeare em que Thiago Lacerda sonhava atuar neste momento. Embora considere o texto "maravilhoso" e um personagem que os mais respeitados analistas acreditam ser uma referência fundamental do homem contemporâneo. Mas é com evidente prazer que o ator interpreta o papel do príncipe da Dinamarca, transtornado pelo desejo de vingança pela morte do pai, assassinado por Cláudio, seu tio. Apontada como a realização mais bem acabada do bardo inglês, esta nova versão da tragédia estreia no Sesc Palladium, às 21 horas desta sexta-feira (19), onde permanece em cartaz até domingo (28).

"Achava o Hamlet muito montado, um personagem muito investigado, por isso pensava em 'Medida por Medida', em 'Macbeth', em alguns outros textos. Pensava inclusive fazer a Lady Macbeth, uma personagem feminina voluntariosa, destoante na obra do Shakespeare. Mas resolvi aceitar o convite para esta montagem pela oportunidade artística de trabalhar com o Ron Daniels, a quem considero um mestre, um dos mais importantes diretores do teatro brasileiro, e porque não se precisa de muita motivação para fazer um Hamlet", afirma Thiago, que adianta outra montagem com Ron, um outro Shakespeare, provavelmente.

"Em 2001, achei que não era hora, não me sentia preparado e recusei", recorda o ex-nadador profissional, que despontou no seriado "Malhação" para papéis de galã em diversas novelas. Até ser convidado pelo diretor mineiro Gabriel Villela a assumir o "Calígula" de Albert Camus e redefinir sua inserção no teatro. Era 2008, ele completara 30 anos de idade. Ainda que carecesse de nuances melhores para caracterizar mais precisamente o déspota sanguinário e amoral, o trabalho foi um divisor de águas na sua carreira.

"Uma das razões que me faziam não querer montar um Hamlet agora é que eu não queria interpretar outro existencialista, como em Calígula. Mas reconheço que sem Calígula minha interpretação de Hamlet não seria a mesma. Interpretá-lo foi um divisor de águas, realmente, mas tenho impressão que cada trabalho que faço é um novo divisor de águas", garante Thiago, para quem toda sessão como Hamlet lhe revelaria algo sobre o personagem e como o aborda, sobre seu lugar como ator e como artista, sobre a natureza humana e o mundo ao seu redor. "É como um organismo vivo", frisa.

Tradução sem rodeios faz o público entender, enfim, "ser ou não ser"

O teatro brasileiro registra outras montagens recentes de "Hamlet", exuberantes, inesquecíveis: o "Ensaio.Hamlet", da Cia dos Atores (RJ), e o "Ham-let", do Oficina (SP). Já a direção de Ron Daniels privilegiaria o texto, a compreensão do espírito de Shakespeare pelos atores e pela plateia.

"A tradução do Ron e do Marcos Daud desmistifica o clássico e isso é muito legal. É fiel ao original, a mais clara possível, mas sem rodeios, sem artifícios. Muita gente veio me dizer que entendeu o ‘ser ou não ser?’ pela primeira vez", afirma Thiago Lacerda.

Gabaritados profissionais de Minas também contribuem para o notável volume de críticas positivas ao espetáculo: André Cortez (cenografia), Babaya (preparação vocal) e Leo Bertholini (assistência de direção). No elenco de 15 atores, talentos como Antônio Petrin (fantasma do rei), Selma Egrei (Gertrudes), Sylvio Zilber (Polônio), Anna Guilhermina (ex-Oficina, Ofélia) e jovens atores pouco afeitos "à farra, à festa".

Sábado (20), às 16h30, Thiago conversa com o público presente no Palladium sobre o espetáculo e sobre a sua carreira. A entrada é franca.


Serviço

"Hamlet", no Sesc Palladium (avenida Augusto de Lima, 420, Centro - BH). Sexta (19) e sábado (20), às 21 horas. No domingo (21), às 19 horas. Ingressos entre R$ 20 e R$ 60. Informações: 3279 1500.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por