Tiago Santos aposta em drinks com combinações ousadas em BH

Frank Martins - Hoje em Dia
15/11/2015 às 10:52.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:29
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Sabe aquela brincadeira que você faz de vez em quando, aos fins de semana, de chamar os amigos para uma festinha em casa e ficar criando diversos drinks como se fosse um alquimista da bebida? Então... essa realidade não é brincadeira para o mixologista Tiago Santos.

Conhecido pela criatividade, ousadia e, de certa forma, rebeldia na coquetelaria, Tiago atualmente comanda o bar do Gilboa.
“A mixologia está ligada diretamente com o bar e a cozinha. É preciso ter o conhecimento e o domínio básico dos ingredientes para poder surpreender o cliente. Por mais que pareça ser simples, até para uma tradicional caipirinha você precisa saber como prepará-la para deixá-la mais aromática, doce, ou forte”, explica Silva, enquanto mexia a coqueteleira de um lado para o outro.

Para chegar ao posto de melhor barman de Belo Horizonte, Tiago teve de percorrer um longo trajeto pelas noites e balcões da capital.

O começo foi como garçom e gerente de algumas casas. Em 2006, junto com um grupo de amigos, fez o curso de Bartender na extinta Beedoos Bartenders, onde se apaixonou pelo universo do bar.

Em 2009, Tiago teve a responsabilidade de assumir a coquetelaria Restaurante 2009, hoje conhecido como Restaurante Do Ano. Superando todas as expectativas, criou a primeira carta de coquetéis de BH, com mais de 170 drinks. Ou seriam receitas?

“O mixologista é também um chef de cozinha. Por que não? Gosto muito de usar sucos naturais e temperos como gengibre, manjericão, raiz forte, tomilho, aipo e pimenta nos meus coquetéis. O resulto disso é que o cliente tem uma verdadeira experiência de novos sabores, que são explorados por mim cuidadosamente, buscando instigar os paladares mais exigentes e também os menos experientes”, diz Tiago.

Em 2010, Marco De La Roche, uma das principais referências em mixologia no Brasil, apresentou a arte para o jovem da cabeça pelada. A partir desse momento ele se apaixonou e ganhou diversos prêmios.

“Sou muito grato ao De La Roche. Foi um grande professor para mim. As técnicas e os ensinamentos passados foram e são de grande valor para eu chegar onde estou agora. Mas não posso esquecer também da minha primeira escola que foi com a Beedoos”, reconhece o mixologista.

Dentre as opções do cardápio do Gilboa, destacam-se o Romeu e Julieta (cachaça, concentrado de goiaba, limão, xarope de açúcar e queijo canastra), o Bela e a Fera (Vodka, Campari, morango, suco de pera, suco de limão e xarope de amarena), o Gilbolego (Bacardi superior, tangerina, gengibre, capim limão, xarope de açúcar e Heineken).


Movido a desafios

Os malabarismos com garrafas e copos para preparar os drinks, habilidade que ganhou fama com o personagem de Tom Cruise no filme “Cocktail” (1988), não é muito a praia de Tiago Santos no Gilboa.

“Até faço uma graça. Meu objetivo aqui é tirar o cliente da sua zona de conforto. Mesmo ele escolhendo o que mais se aproxima do seu gosto eu sempre procuro surpreender. Assim, as pessoas nunca vão tomar o mesmo drinque”, afirma.

O maior prazer e satisfação de Tiago como mixologista ou barman é convencer um cliente a tomar um drink com algum ingrediente até então evitado.

Para a base das bebidas elaboradas por ele para o Gilboa, o cliente pode escolher entre vodka, rum, gin, tequila, Pisco, Jack Honey, cerveja, Jagermaister e cachaça.

“Gosto muito de comparar a mixologia com a gastronomia. Fazer uma caipirinha é como fazer um belo pedaço de carne. O corte da fruta, o volume de açúcar acrescentado, o tipo de cachaça e de limão usados são determinantes. Assim como na carne, o tipo de pedaço usado, o tempero utilizado, o corte feito e o tempo assando vão influenciar e fazer com que possam haver várias formas de o prato chegar até o cliente”, explica Tiago.


Desfazendo mitos

Esqueça a ideia de que bons destilados são bebidos puros e os inferiores reservados para o preparo de drinques. Segundo Tiago, quanto melhor a qualidade da bebida, melhor o resultado do drinque.

“Temos o cuidado de sempre usar os melhores rótulos aqui no Gilboa. Mesmo no caso daquelas bebidas que têm pouca saída, afinal, eles podem ser armazenados por bastante tempo depois de abertos.

Timidamente, o balcão do bar está saindo do anonimato e ganhando holofotes. “O consumidor está mais atento ao que vai no copo. Aqui na capital mineira destaco o sucesso que o gengibre está fazendo. É um ingrediente refrescante e versátil”, conta.

Ainda sobre as tendências que andam preenchendo copos Brasil afora, além da produção artesanal de ingredientes, Tiago destaca que as releituras dos clássicos também estão na proa do tema.

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