Desde que foi apresentado ao mundo como mais uma opção de interação virtual, em 2012, o Tinder ganhou fama de ambiente on-line propício para a “pegação”. Nesse aplicativo de relacionamentos, que chegou ao Brasil no ano seguinte, “likes” costumam pular rapidamente para encontros fora da web. Mas quem pensa que nada sério pode surgir dos primeiros contatos engana-se. 

O Tinder é um “cupido” eclético, pode acertar “alvos” diversificados – inclusive aqueles que almejam “juntar” as escovas de dente “para sempre”. Duvida?

O fotógrafo e baterista Victor Coelho, de 27 anos, e a advogada Nathalie Caldeira, de 31, por exemplo, graças ao aplicativo esperam passar hoje o último Dia dos Namorados solteiros – em agosto, os pombinhos vão dizer “sim” no altar.

Victor confessa que, quando instalou o Tinder no celular, não tinha o desejo de firmar um relacionamento sério. Na época recém-saído de um namoro de 5 anos, o artista não estava animado a se comprometer com alguém tão cedo. Porém, os planos do rapaz não deram certo. 

“Foi um fracasso muito bom”, brinca, ao dizer que se apaixonou logo pela primeira menina que conheceu por meio do aplicativo.

Apesar de tanta segurança, no início o músico não contava a ninguém a verdade sobre como tinha conhecido Nathalie, justamente por causa da “má fama” do aplicativo. Dizia que um amigo tinha apresentado os dois. O caso dele não é diferente do de muita gente por aí. 

“Ficava receoso de contar a verdade. Quando meus amigos ficavam sabendo da história diziam coisas como ‘não acredito’ ou ‘isso funciona mesmo?’. Mas vai chegar um tempo que isso será mais ‘normal’ para as pessoas”, aposta.

Para Victor, o Tinder tem muitas vantagens, sendo a principal delas a maior facilidade de saber se a pessoa também quer a paquera. Isso porque, para a conversa ser possível, ambos têm, necessariamente, que ter curtido o perfil do outro. “O Tinder quebra a barreira daquela insegurança de tomar um ‘toco’ da menina”.

 
Fica a dica

A mesma opinião é compartilhada por Alice*. “Muitas mulheres têm dificuldade em demonstrar interesse em alguém. O aplicativo diminui essa tensão”, pondera. 

Depois de ter se aventurado por outros sites de relacionamento com fins semelhantes, ela, assim como Victor e Nathalie, se deu bem mesmo foi no Tinder. No feriado de Corpus Christi se uniu a Pedro*, após um ano e meio de namoro.

Pedro conta que era relutante até mesmo em baixar o programa. “Existia um preconceito de comparar o Tinder com um cardápio de pessoas, de objetificá-las. Eu tinha essa resistência. Mas um amigo (adepto do aplicativo) foi me mostrando que não era bem assim”, lembra.

Atualmente, nenhum dos dois encontra problemas em usar o recurso. Ao contrário, eles indicam aos solteiros de plantão. “O Tinder não difere de uma festa, na qual você também dá um sinal do seu interesse pela pessoa”, considera Pedro. “(Usar o aplicativo) não foi um receio maior do que as vezes que conheci um cara numa noite e resolvi aceitar uma carona dele para casa. Indico o Tinder porque além de ser uma oportunidade de conhecer outras pessoas, é um exercício de autoconhecimento. Você começa a refletir sobre o que está buscando no outro”, diz, por sua vez, Alice.

O aplicativo

O Tinder é um aplicativo de encontros para Android e iOS. A plataforma cruza informações dos usuários e sugere pretendentes para eles. Para participar é preciso ter uma conta do Facebook. O Brasil já é o segundo maior usuário do aplicativo. A partir desta segunda-feira (13), a ferramenta on-line passará a ser disponível apenas para maiores de 18 anos.

* Nomes fictícios

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