Tom Cruise passa duas horas dando autógrafos e eclipsa próprio filme

Rodrigo Salem, Enviado especial - Folhapress
28/03/2013 às 14:48.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:21
 (Daniel Garcia)

(Daniel Garcia)

RIO DE JANEIRO - Tom Cruise, aos 50 anos, é um exemplo de como se manter no topo de uma cadeia alimentar feroz. Ainda é o astro mais bem pago de Hollywood, recebendo cerca de US$ 75 milhões anuais, e um dos poucos capazes de sustentar uma ideia original como "Oblivion", seu novo longa, em plena crise econômica na indústria cinematográfica.

Não que Tom Cruise seja infalível. Nos últimos anos, nenhum de seus projetos "originais" ultrapassou a marca dos US$ 100 milhões nos Estados Unidos. Mas o ator foi um dos primeiros a descobrir a importância do mercado internacional e faz questão de divulgar seus projetos pessoalmente. Isso garante a felicidade dos estúdios e deixa Cruise mais confiável em termos de retorno financeiro. Por exemplo, "Encontro Explosivo" (2010), que não passou dos US$ 76 milhões nos EUA, faturou US$ 185 milhões fora das telas americanas.

O segredo da marca Tom Cruise não é difícil de desvendar. Na pré-estreia de "Oblivion", de Joseph Kosinski ("Tron - O Legado"), realizada ontem, no Rio, o astro fez questão de que a distribuidora Universal fechasse um cinema de rua (Odeon) para atrair multidões de fãs em busca de uma foto ou autógrafo do protagonista de "Missão: Impossível" e "Top Gun".

Cruise é um exemplo de profissionalismo e dedicação. Por 1h50, ele caminhou os poucos mais de 50 metros do tapete vermelho conversando com repórteres de TV, posando para fotos com centenas de fãs, dando autógrafos, acenando, e apertando a mão do Impostor, do "Pânico". Em nenhum momento tirou o sorriso da face.

Claro que havia regras que podiam ser notadas. Fãs mais afoitos eram sempre repudiados pelos quatro seguranças que o acompanhavam -as mulheres tinham mais liberdade para um abraço mais forte. Se uma fagulha de histeria era presenciada, o astro não fazia cara feia: se afastava e pedia calma com simpatia.

Desde que se separou de Katie Holmes, ano passado, Cruise evita muitas entrevistas de verdade. Achou no tapete vermelho uma bolha de segurança. As perguntas são rápidas, as respostas, fórmulas -a reportagem da Folha de S.Paulo perdeu conta de quantas vezes ouviu a história de como "Oblivion" foi filmado de maneira diferente porque o diretor subiu em um vulcão no Havaí para fotografar o céu e projetar no set armado nos Estados Unidos.

Houve um momento de saia justa. Uma repórter, aproveitando o tema do filme, no qual Cruise interpreta um reparador de drones em uma Terra destruída após uma guerra contra extraterrestres, perguntou se "o astro acreditava em ETs". A assessora brasileira riu (nervosa), a irmã do astro, Lee Anne, que vira sua assessora em tempos de crise pessoal, sorriu mais discretamente, e Cruise também não demonstrou nenhum desconforto (ele é um dos mais destacados membros da Cientologia, doutrina cuja origem baseia-se em um imperador intergaláctico) e falou sobre o filme.

A maratona terminou dentro do cinema, onde o astro subiu ao palco com as atrizes Olga Kurylenko e Andrea Riseborough para agradeceu ao país que "sempre o recebe de forma especial" e, claro, falar como o diretor Joseph Krasinski foi ao "topo de um vulcão no Havaí fotografar o céu para projetar no set em Baton Rouge, na Louisiana". "Isso nunca foi feito antes. Para nós, atores, foi perfeito, porque nos dava uma sensação real de altura", contou o ator. De tão solícito, várias pessoas saíram da sala para tentar um autógrafo ou uma foto. Filme, que filme?

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