Tom do cinema: sétima arte impulsiona músicas e ajuda a criar hits que marcam gerações

Jéssica Malta
18/12/2018 às 07:00.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:37
 (Divulgação)

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O cinema pode até ter nascido mudo, mas, mesmo naquele tempo, as produções não eram silenciosas. A música sempre fez parte e deu o tom dos acontecimentos exibidos na telona. Mais do que acompanhar o que acontece na trama, em inúmeras oportunidades, as composições ultrapassaram a fronteira dos cinemas e se tornaram clássicos.

“Shallow”, dueto de Lady Gaga e Bradley Cooper, música-tema do longa “Nasce Uma Estrela”, é forte candidata a esse status. A canção teve a qualidade reconhecida, angariando três indicações ao Grammy, prêmio mais importante da música – dentre elas, a cobiçada categoria de “Música do Ano”. 

No entanto, a distinção de “Shallow” não fica restrita aos especialistas: abraçou o público. Tanto que, no YouTube, o clipe da música, postado em 27 de setembro, tem mais de 151 milhões de visualizações. Fora as 217 milhões de reproduções da canção na plataforma de streaming Spotify.

“O que faz com que a trilha seja boa é a capacidade de ser independente do filme, marcar gerações, uma música que ‘cole’ e abranja o maior número de pessoas. A qualidade da música é imprescindível, independentemente do suporte”, pontua Sávio Leite, professor de cinema do Centro Universitário UNA. 

Longevidade

Além da qualidade musical, os filmes, sem dúvida, também impulsionam o sucesso das canções, incluindo as preexistentes.

Exemplo é “Unchained Melody” que, nos anos 90, ganhou versão da dupla The Righteous Brother, sendo tema de “Ghost”. 

“Era uma música que já existia, mas que, com o filme, foi revitalizada. Ela passou a ser conhecida como a música de ‘Ghost’. É impossível escutá-la e não se lembrar da cena em que os protagonistas fazem cerâmica”, diz o pesquisador de cinema Bob Tostes, que também é cantor, compositor e produtor. 

Apesar de o cinema ter a capacidade de projetar canções, Tostes acredita que as músicas acabam sendo mais longevas que os filmes. “Elas passam a carregar o filme junto delas, porque mantêm vivas as cenas. E são mais acessíveis. Elas acabam sendo uma forma de revisitar o filme”, coloca.

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Divulgação

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Significado

As trilhas sonoras também desenvolvem papel essencial na própria produção cinematográfica. “Elas dão o tom da cena. Uma trilha ruim mata o filme”, avisa Tostes. 

Ele exemplifica o poder da trilha com a figura da cena de um homem caminhando em uma praça à noite. “Uma música de suspense deixa a cena tensa. Já uma alegre dará outra interpretação”, descreve. 

Para o professor Sávio Leite, que é especialista em animação, neste segmento do cinema, a trilha sonora exerce importância ainda maior. “Na animação, construímos um filme a partir da música ou de sons”, explica. 

Além disso

Não dá para falar de trilha sonora sem citar os musicais. Nestas produções, as canções não só dão o tom das cenas, mas são parte fundamental das narrativas. Em termos de sucesso, elas também não ficam atrás das trilhas mais tradicionais. 

Exemplo é o filme “La La Land”, estrelado por Emma Stone e Ryan Gosling, que recebeu 14 indicações ao Oscar (mesmo número de filmes como Titanic) no ano passado. A música “City of Stars”, interpretada pela dupla, conquistou a estatueta.

Para Sávio Leite, professor de cinema da UNA, o sucesso de filmes como esse mostra uma tendência. “Os musicais estão voltando. Mas de uma forma repaginada. Eles estão vindo com outras coisas e outros tipos de abordagem, por isso, estão sendo aceitos e têm sucesso. Antes, era música o tempo todo. Agora tem uma trama e a música se insere dentro dela. Ela está lá, mas não domina. Não fica uma coisa chata”, observa. 

Outra tendência apontada por Leite são os filmes que têm a música como assunto, ou que são permeados por ela. Neste ano, pelo menos dois grandes sucessos da indústria cinematográfica mergulharam nisso: “Bohemian Rhapsody”, que com a história da icônica banda Queen conquistou uma das 10 maiores bilheterias do ano no Brasil, e o já citado “Nasce Uma Estrela”, que teve grande reconhecimento da crítica. 

O professor ainda pontua que existem produções que têm a música como inspiração. “Muitos filmes nasceram a partir de alguma canção. ‘Eu Sei Que Vou Te Amar’, do Arnaldo Jabour, foi inspirado na canção do Tom Jobim”, exemplifica. 

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