Tom Hanks é a grande atração de cinebiografia sobre apresentador infantil

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
24/01/2020 às 18:09.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:25
 (SONY/DIVULGAÇÃO)

(SONY/DIVULGAÇÃO)

 Um dos melhores momentos do filme “Um Lindo Dia na Vizinhança”, já em cartaz nos cinemas, acontece nos primeiros 20 minutos, quando deixa o espectador na dúvida sobre a dimensão real do que está vendo. Ao mostrar uma cidade de maquete, em cores levemente saturadas, passando a um cenário falso e datado em que um senhor repentinamente começa a cantar olhando para nós, adentramos por um universo fantasioso.  Há o mundo fake e confortável da TV, em que um apresentador de programa infantil (Tom Hanks, indicado ao Oscar) surge como exemplo de bom samaritano, e o do jornalismo sério que põe tudo em outra perspectiva. Quando estes dois terrenos se chocam, a partir de um jornalista premiado que não aceita rever o pai de passado beberrão, a história caminha para uma mensagem edificante sobre a necessidade do perdão e do autoconhecimento. Baseado num personagem real, o Senhor Rogers de Hanks é um livro de auto-ajuda ambulante. O filme frisa a todo momento este caráter benevolente, enquanto o repórter vira uma espécie de Scrooge dos contos de Charles Dickens. Ele começa a enxergar passado, presente e futuro com outros olhos, com a meia hora final dedicada à transformação completa do personagem, sendo difícil para o público não deixar de se emocionar. A quantidade de açúcar nesta equação poderia ser mais comedida, com o filme tendo mais chances em angariar outras indicações ao Oscar, se “Um Lindo Dia na Vizinhança” não deixasse perder de vista o universo fantasioso. A necessidade de fazer de Rogers um homem real, na direção do jornalista que tenta desmascará-lo, encontrando alguma falha que fosse, torna o jornalista uma mera desculpa para que as lágrimas surjam com força ao final. A diretora Marielle Heller se aproveita pouco do que o ambiente da TV pode oferecer, a não ser por uma breve cena em que o repórter está sonhando, misturando personagens do programa com fatos reais. A atuação de Hanks, sem dúvida, contribui para que Rogers não caia na armadilha do excesso de bom-mocismo. Talvez por exibir uma certa vulnerabilidade em personagens assim, como já visto em Forrest Gump e Buzz Lightyear.

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