(Trans) Formação que nasce da arte e da atitude

Vanessa Perroni - Hoje em Dia
06/09/2015 às 12:03.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:39

Janelas feito livros abertos iluminam o mar de poesia criado pela mineira Shirley Paes Leme para a mostra “When Attitudes (trans) form – Quando Atitudes (trans) formam”. Em cartaz até outubro no Minas Tênis Clube, a exposição – percorrida pela reportagem do Hoje em Dia ao lado da artista, é dividida em duas instalações, “Campo Líquido” e “Classe”.

Logo na entrada, o visitante se vê em um lugar “líquido” – sensação provocada pelo piso composto por placas de alumínio reflexivo, que multiplicam a área – no qual o teto é um grande caderno pautado, cujas linhas refletem no chão o poema “Resíduo”, de Carlos Drummond de Andrade. As palavras do itabirano podem ser lidas à medida em que o público avança pelo lugar.

“Quando a pessoa entra, não sabe muito bem o que é esse lugar – como nos dias atuais, na contemporaneidade, quando vivemos momentos de incertezas. Então, cada um vai experimentando e criando sua própria obra”, explica Shirley, que dá relevo a escritores como João Cabral de Melo Neto, Haroldo de Campos, Adélia Prado, Clarice Lispector e Mario de Andrade.

“Trago a poesia, a palavra e o pensamento como ferramentas transformadoras. É a arte como ideia, como processo, e não como produto”, explica, frisando: “O que interessa são as atitudes que transformam. Se um trabalho não transformar o sujeito, não é arte”.

Telas que trazem palavras diversas em uma técnica recorrente na trajetória da artista –desenho com fumaça – complementam a primeira parte.

Documentos

“Classe” flagra a experiência da artista como professora, disponibilizando um acervo reunido durante 30 anos. São livros, disquetes, dissertações de mestrado e afins, dispostos em uma espécie de biblioteca onde é projetado o filme “Arquitetura da Destruição” (Peter Cohen, 1989). “Todo esse material dialoga com a primeira parte, pois proponho um espaço de troca, lembrança e imaginação”, elucida a artista, que, em uma estante, criou uma “cidade noturna” com livros.

Encontros

Pelo fato de a exposição discutir vivências, Shirley achou por bem convidar artistas para debater, junto ao público, temas dos mais diversos – como arte e vida, criação, discriminação de gênero, literatura, poesia ou filosofia, entre outros não menos importantes. “Esses encontros, na verdade, acabam sendo parte da obra, pois mantêm o espaço ativo”.

Já passaram pelo local a desenhista Andrea Lanna, a pintora Thaís Helt, a poeta Elizabeth Gontijo, entre outros. No próximo dia 15, Shirley recebe os diretores da Guignard Ana Cristina Brandão e Carlos Wolney Soares, e os artistas Fabricio Fernandin e Marco Túlio Rezende. A lista de convidados do “Encontros na Classe com Shirley Paes Leme” está no hojeemdia.com.br.

SERVIÇO
Shirley Paes Leme
Centro Cultural Minas Tênis Clube (rua da Bahia, 2.244, Lourdes)
Até 12/10. Terça a sábado, das 10 às 20h, e domingo e feriado, das 11 às 19h
Gratuito

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