"Transcendence" peca por não discutir a falta de privacidade

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
19/06/2014 às 07:42.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:04
 (DIAMOND FILMES)

(DIAMOND FILMES)

Desde que Victor Frankenstein ressuscitou um monstro e pagou o preço de querer ser Deus, a literatura e, mais tarde, o cinema revisitam o tema de forma alarmista sempre que uma tecnologia cria impacto sobre a nossa civilização.


Essa é uma das razões para tantos nomes de peso como Johnny Depp, Morgan Freeman e Paul Bettany estamparem os créditos de um novo candidato a sucessor de “Matrix”: “Transcendence – A Revolução”, uma das estreias desta quinta-feira (19) nos cinemas.


TOTALITARISMO


O “vilão” não poderia estar mais na ordem do dia: através da internet, os Estados Unidos tiveram acesso a dados sigilosos de vários países, entre eles o Brasil, alertando para uma perigosa falta de privacidade na rede mundial de computadores.


A história de “Transcendence” incorpora essa ideia de invasão mundial a um clic no mouse e retoma a figura de Frankenstein a partir de um cientista (Depp) que tem sua consciência transposta para bytes, ganhando assim controle total sobre tudo o que trafega na rede.


Esse casamento entre tecnologia e totalitarismo está presente em filmes como “Tron” e “Matrix”, levando para as telas uma mente brilhante que se apresenta como Messias. O pesquisador de Depp é dessa estirpe, acreditando que pode transformar o mundo.


SUPERFÍCIE


O que “Transcendence” deveria discutir é que qualquer ato que fira a liberdade do homem, ainda que supostamente para seu bem, é condenável. Ou seja, mesmo que o pesquisador tente erradicar as doenças do planeta, ele não pode se apropriar das pessoas.


Diretor de fotografia de uma trama complexa como “A Origem”, Wally Pfister seguiu caminho oposto em sua estreia na direção, fazendo de sua trama uma superfície rasa, restrita à mensagem apocalíptica e abandonando a discussão que mais nos interessa.


Os diálogos são constrangedores e a narrativa cai sensivelmente quando tenta injetar um pouco de ação ao estilo “O Exterminador do Futuro”, com rebeldes sabotando a máquina humana. E se encerra com uma das soluções mais simplórias, usada (mas com uma pitada de humor) em “Independence Day”.

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