Um olhar francês (e apaixonado) pelo curso do Rio São Francisco

Pedro Artur - Hoje em Dia
26/06/2014 às 12:54.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:09
 (Alan Dhome)

(Alan Dhome)

Em 1501, o florentino Américo Vespúcio navegou pela foz do São Francisco – chamado pelos indígenas de Opará. Passados mais de 500 anos, outro olhar estrangeiro captura as imagens do “Velho Chico”, agora mais degradado pela ação do homem (nem por isso menos belo). A lente do francês Alain Dhomé, 51 anos, passeia por populações ribeirinhas, pescadores e pela fé, por intercessão de Bom Jesus dos Navegantes, em Alagoas, ou pelas carrancas, em Pirapora.

O jornalista e fotógrafo percorreu da foz (Piaçabuçu, Alagoas) à nascente (Serra da Canastra, Minas). “Uma viagem que ele (Vespúcio) nunca fez, da foz à nascente”, frisa.

Sob o olhar desse francês, que trocou Brasília por BH há cinco anos, o “rio da unidade nacional” ganha corpo no livro “Nas Águas do Velho Chico”, que será lançado nesta quinta-feira (26), às 19h, no Centro de Arte Popular Cemig (rua Gonçalves Dias, 1.608).

Para chegar à obra – de 180 páginas, com 120 fotografias, textos em português e inglês –, ele registrou cerca de cinco mil fotografias em cinco anos de exploração, iniciada em 1999, e encerrada há quatro anos. “Esse rio tem tudo: história, economia... Quando me falaram do São Francisco, queria ‘sentir’ essa história, ir lá quantas vezes fossem necessárias”, relata o parisiense Dhomé, desde 1987 radicado no Brasil.

Os textos são de estudiosos sobre o assunto: Edilson Alkmim Cunha (da UnB) e Denílson Barbosa e Nôila Ferreira Alencar, professores e pesquisadores do Núcleo de História e Cultura Regional da Unimontes.

ENCANTADO

Aos 51 anos, Dhomé ficou encantado com a diversidade cultural ao longo do São Francisco (que passa por Minas, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas). Registrou tudo em suas lentes: lavadeiras, índios, paisagens. “São cinco estados diferentes na comida, no jeito de ser e até no rio. Em Minas, é plano, tudo é diferente”, ressalta.

As fotos já foram expostas na Colômbia e na França. “Em Bogotá foi uma maravilha, todos queriam saber sobre o rio”, diz Dhomé, que cita, ainda, a mostra no Aquário da Bacia do São Francisco, no Zoo de BH. “Foi há dois anos, e foi vista por mais de 41 mil pessoas. Foi a melhor”, derrete-se.

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