O documentário “Relatos do Front – Fragmentos de uma Tragédia Brasileira”, de Renato Martins, com estreia hoje nos cinemas, deixa bem claro que o projeto de segurança pública no país está falido, especialmente em relação ao aumento da força policial para enfrentar a questão do tráfico de drogas.

A partir de pesquisas e depoimentos de sociólogos e historiadores sobre a atuação policial, inicialmente usada para repreender escravos no período do Brasil Império, após a chegada da corte, a conclusão – explicitada na voz de um ex-policial – é a de que os agentes de segurança ainda agem como “capitães do mato”.

Com o número de policiais mortos em confrontos crescendo nos últimos anos, são fruto de uma mentalidade elitista de que a polícia deve agir como repressora, refletindo principalmente o ódio aos pobres, que hoje têm o mesmo papel dos escravos de dois séculos atrás.

Entre o policial que é treinado para matar ou ser morto e o “bandido bom é bandido morto”, quem perde é a sociedade. As primeiras sequências apontam para este saldo negativo, quando percorre os dois lados de um confronto entre policiais e traficantes do Rio de Janeiro, culminando com uma vítima neutra.

Imagens que dão força e ritmo ao filme, ampliando a sensação de desproteção e medo. A facilidade com que fuzis enchem a tela, de um lado e de outro, exibe um país que se arma sem conseguir resolver a questão da criminalidade, enchendo presídios e aumentando a venda de arsenal.

Ao final, após o cuidado de ouvir todas as partes envolvidas e uma situação à beira do caos, exemplificada pelo Rio de Janeiro, a impressão é a de que as autoridades taparam os ouvidos para qualquer outra possibilidade de solução que não uma declaração de guerra.

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